Crítica | Wicked

Wicked (EUA, 2024)

Título Original: Wicked

Direção: John M. Chu

Roteiro: Winnie Holzman, Dana Fox e Gregory Maguire

Elenco principal: Cynthia Erivo, Ariana Grande-Butera, Jonathan Bailey, Marissa Bode, Ethan Slater, Michelle Yeoh, Jeff Goldblum, Keala Settle, Bronwyn James e Bowen Yang

Duração: 160 minutos

Distribuição brasileira: Universal Pictures

Os tempos não têm sido fáceis para os fãs de musicais. Entre filmes musicais que tentaram se vender removendo a informação de que eram de tal gênero e menor investimento por conta de certa queda de popularidade, já faz tempo que aguardamos a estreia de um grande filme que consiga levar o público ao cinema. Na contramão desse movimento, vem o projeto de adaptar o musical da Broadway adorado por fãs e críticos, Wicked, cujo pontapé inicial já ocorreu há mais de uma década.

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É impossível comentar sobre o filme sem comentar sobre o teatro musical que lhe deu origem. Ele é uma adaptação do livro Wicked (Gregory Maguire, 1995), que faz uma revisão de O Mágico de Oz (L. Frank Baum, 1900) a partir da ótica de tentar compreender quem foi a Bruxa Má do Oeste, feita pelo compositor Stephen Schwartz. Então, um grande questionamento sobre a obra foi como ela seria trazida ao universo audiovisual de maneira que ainda interessasse um público que já conhece essa história, ao mesmo tempo em que entende sua origem e consegue homenagear esse legado. Seria muito fácil ir para um dos extremos dessas possibilidades, criando uma simples réplica do musical ou tentando fugir dele excessivamente e esquecendo sua fonte de inspiração.

A contratação de John M. Chu para o projeto foi elemento essencial para conseguir chegar em um ponto de equilíbrio interessante. Já acostumado a adaptações tanto de musical (Um Bairro em Nova York) quanto de livro (Podres de Ricos), ele conseguiu criar cenas claramente audiovisuais que transmitem a mesma sensação que o musical. E também conseguiu orquestrar perfeitamente diversos setores que se preocuparam com cada aspecto mostrado em cena, das unhas de Cynthia Erivo até cenários gigantescos montados para criar uma gravação que não dependesse exclusivamente de CGIs.

Por mais que em um primeiro momento a escalação das atrizes principais, Erivo como Elphaba e Grande-Butera como Glinda, tenha sido inesperada, é perceptível como ambas funcionam bem em tela. Erivo consegue trazer a força de Elphaba até em sua postura traz a questão do preconceito pela cor de pele a um novo significado por ser uma mulher negra no papel. Grande-Butera, por sua vez, traz todo o seu passado como criança prodígio da televisão e cantora pop para uma personagem ao mesmo tempo descolada da realidade e muito emotiva. Por mais que elas sejam personagens já clássicas, as duas conseguiram trazer a sua própria interpretação e agregaram ao conteúdo do filme.

E esta parece ser a lógica abordada por todos os setores criativos do filme. Dentro da cenografia, por exemplo, vemos um exagero daquilo que foi trazido pelo teatro, com cenas como as da biblioteca e de Shiz trazendo o elemento que só seria possível dentro do cinema funcionando com a dinâmica já conhecida. Os figurinos, claramente inspirados nas silhuetas das personagens, mas trazendo elementos atualizados como as tranças de Erivo e a coroa que parece pertencer à carreira musical de Ariana Grande.

Por sua longuíssima duração para contar apenas metade da história do musical, também foi possível aprofundar algumas questões que pareciam um pouco planas anteriormente, como a relação de Elphaba com a sua irmã Tessarose (Marissa Bode) e o silenciamento dos animais. Ainda que isso leve a uma obra realmente extensa, o tempo é bem utilizado e permite uma maior imersão no universo criado magistralmente para as telas grandes.

Assim, o resultado é uma obra que consegue agradar tanto fãs do musical original quanto simples fãs de cinema que desejem assistir um bom filme do gênero. Com um gancho para o próximo filme que provavelmente levará o número de pesquisas sobre o final do musical às alturas, nos restará saber como o diretor conseguirá nos surpreender novamente na sua parte dois.

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