Hora do Massacre (França e Canadá, 2023)
Título Original: Wake Up
Direção: RKSS (François Simard, Anouk Whissel e Yoann-Karl Whissel)
Roteiro: Alberto Marini
Elenco principal: Turlough Convery, Benny O. Arthur, Jacqueline Moré, Tom Gould, Alessa Yoko Fontana, Kyle Scudder, Charlotte Stoiber e Aidan O’Hare
Distribuição brasileira: Imagem Filmes
Duração: 83 minutos
Por mais que não sejam conhecidos no Brasil, o coletivo de diretores RKSS já tem algum sucesso internacional em festivais pelo seu filme de estreia, Turbo Kid (2015). Estreando agora nas telonas brasileiras A Hora do Massacre, eles já têm um novo filme no circuito internacional, We Are Zombies. Sempre trabalhando nos gêneros de horror e fantasia, eles parecem aos poucos encontrar seu espaço dentro de cultos cinéfilos.

Em A Hora do Massacre acompanhamos um grupo de ativistas que entra em uma grande loja de departamentos para itens de casa para realizar um protesto silencioso após seu fechamento. O que eles não contam é que este será também o dia de fúria de um de seus funcionários, Kevin (Turlough Convery), que está a uma infração de ser demitido. Então, quando ambas energias caóticas se encontram o resultado é avassalador.
Esta é uma trama simples, gravada em o que aparenta ser apenas uma locação cheia de detalhes e que poderia facilmente se tornar um slasher avassalador. Mas a falta de tensão que percorre todo o filme é desestimulante e mesmo nos momentos mais sangrentos ele não consegue prender a atenção do espectador. Entre tripas, sangue e bastante violência, a estética de jogo que se assume tem o efeito oposto ao esperado, e isso se deve a dois principais motivos.
Por um lado, temos uma edição que não consegue nem manter o suspense, nem exagerar o suficiente para que o filme entre em uma estética camp. Entre a decisão entre revelar ou não revelar, há muitas cenas que tentam manter o suspense e não conseguem, e outras que mostram uma violência excessiva que parece não ter consequência. É o meio termo perfeito que não funciona bem para o que deveria ser mais valorizado, que seria contar da melhor maneira possível essa narrativa.
Por outro lado, temos uma direção de arte que foca em elementos muito específicos e que também não fazem sentido com a narrativa. As próprias máscaras que são colocadas em evidência desde o pôster, são utilizadas de maneira tão ilógica que por vezes beira o cômico, mas de maneira não proposital. Outras decisões como o uso de luzes neon e das armas de paintball são excelentes para a estética, mas novamente, estão completamente fora do sentido narrativo. É questionável se esta não é uma crítica tão subjetiva no filme que é muito dificilmente captada, assim como diversos outros pequenos elementos parecem completamente fora de local ou momento.
O resultado é um filme que não consegue utilizar bem seus potenciais, além de parecer faltar com algumas informações básicas da crítica social que tenta escancarar. Novamente, fica a dúvida se existe uma crítica à desinformação de ativistas ou se houve tanta dedicação na estética que o roteiro acabou se perdendo no caminho. Temos uma obra que levanta diversas perguntas sobre as intenções dos seus criadores, mas que nunca deixa claro qual o caminho que eles gostariam de seguir.