Lançamento da Semana: Assassinos da Lua das Flores (Martin Scorsese, 2023)

Em novo ovacionado longa, Scorsese ambienta faroeste revisionista com traços autorais.

Um dos filmes mais aguardados do ano, Assassinos da Lua das Flores adapta o livro homônimo e se baseia na misteriosa história real dos assassinatos ocorridos na tribo Osage na década de 1920. A produção passou pela seleção do Festival de Cannes 2023 e foi celebrado como mais um excelente trabalho de Martin Scorsese. Mas o que torna o longa tão primoroso?

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A direção trabalha uma ambientação minuciosa no qual faz valer cada detalhe pela preciosidade de englobar a gama de personagens, culturas e acontecimentos do material original. Com isso, adentramos Osage em uma sequência de mortes indígenas que dão ritmo ao primeiro ato enquanto contrastam com o romance vivido por Ernest (Leonardo DiCaprio) e Mollie (Lily Gladstone). Somos introduzidos a atmosfera romântica e violenta do enredo.

Ademais, o sub gênero do faroeste revisionista entra como pano de fundo e traz um retrato mais honesto com relação aos povos originários da região (algo pouco explorado nos westerns). Através de Mollie e de sua família, compreendemos a brutalidade dos brancos com os nativos. Scorsese constrói uma colonização velada e ambiciosa que troca vidas pelo lucro do petróleo. Nesse ponto, as três horas de duração aproveitam cada segundo para tecer uma narrativa que enxuga os confrontos armados e dá lugar a um jogo de xadrez lento e tenso que floresce em um excelente thriller.

O aspecto autoral da direção de Scorsese é sintetizado em William K. Hale (Robert De Niro) como essa figura mafiosa e de caráter corrompido que é capaz de trair a própria família para se salvar. Temas como esses são recorrentes na filmografia do diretor, como em Os Bons Companheiros, O Irlandês e Os Infiltrados, que abordam protagonistas complexos e o processo de redenção deles com um drama contemplativo. Aqui ele explora uma nova faceta de seu cinema enquanto acessa sua zona de conforto, executando essa junção com maestria.

Assassinos da Lua das Flores cativa com seus diálogos sutilmente humorados e um casal protagonista controverso e improvável. Seu roteiro é potencializado no cinema com cê maiúsculo pelo qual o filme é montado e abduz qualquer cinéfilo por horas em uma sala escura de frente para a telona. A perfeita experiência que nos lembra por que amamos a sétima arte.

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