Lesbian Space Princess (Austrália, 2024)
Título Original: Lesbian Space Princess
Direção: Emma Hough Hobbs e Leela Varghese
Roteiro: Emma Hough Hobbs e Leela Varghese
Elenco principal: Shabana Azeez, Gemma Chua-Tran, Bernie Van Tiel, Richard Roxburgh, Mark Bonanno e Kween Kong
Duração: 87 minutos
Ela é lésbica. Ela está no espaço. E ela é uma prin-ceeeeee-sa. Qualquer filme que se inicia com uma riminha musical dessas tem todo o potencial para chamar a minha atenção – e também da comunidade LGBTQIAPN+, que compareceu em peso nas sessões de Lesbian Space Princess.

Brincando com todos os estereótipos de sexualidade e gênero possíveis, o filme se inicia num momento muito triste na vida de toda jovem lésbica: o término do seu primeiro relacionamento sério – no qual a namorada já conheceu suas duas mães e já estava na casa dela há uma semana. Se passando em uma fictícia Gayláxia, a princesa Shaira (Shabana Azeez) precisará encarar o seu medo de ficar sozinha, e pior ainda, de se aventurar, quando sua ex é sequestrada por uma gangue de alienígenas heterossexuais que desejam ter novamente uma chance de atrair garotas neste universo comandado pelas mulheres.
Misturando ficção científica, humor um pouco suspeito, animação 2D super estilizada e uma linda metáfora sobre amadurecimento e depressão, o filme é uma ode para pessoas que se rebelam contra os padrões. A animação independente e que está se consagrando como a primeira animação sul-australiana vem de uma dupla de mulheres que, para a surpresa de nenhuma pessoa, estão em um relacionamento, e então para a surpresa das pessoas, não havia co-dirigido nenhuma animação anteriormente. Emma Hough Hobbs já trabalhou na indústria principalmente em equipes de arte, enquanto Leela Varghese trabalhou por muito tempo na televisão infantil.
O longa consegue trazer tudo de melhor que elas absorveram em suas respectivas áreas e então trouxeram também para a direção. Ele não tem medo de se colocar em caminhos que mesmo as animações independentes não costumam trilhar, e ainda alimentam o humor peculiar que consegue se comunicar tanto com gerações mais novas até as mais velhas. Talvez pelo fato de quase não ter homens na sessão em que assisti, e principalmente, possivelmente nenhum homem branco heterossexual e cisgênero, as piadas foram levadas com leveza e sem causar nenhum incômodo à plateia.
É importante acrescentar que o filme também é um musical, pois a companheira de viagem bissexual que Shaira faz em sua jornada está em sua era de cantora solo e narra todos os momentos mais importantes da obra com suas canções. E, o mais importante, as diretoras conseguem através desse humor projetado para o futuro discutir questões que são essenciais para o aqui e agora.