Crítica | Lilo & Stitch

Lilo & Stitch (EUA, 2025)

Título Original: Lilo & Stitch
Direção: Dean Fleischer Camp
Roteiro: Chris Kekaniokalani Bright, Mike Van Waes e Dean DeBlois
Elenco principal: Maia Kealoha, Sydney Agudong, Tia Carrere, Billy Magnussen, Courtney B. Vance, Chris Sanders, Zach Galifianakis e Kaipo Dudoit
Duração: 108 minutos
Distribuição brasileira: Disney

Lilo & Stitch (2002) foi uma animação bastante emblemática para a Disney, sendo praticamente o encerramento de sua era de renascimento dos anos 1990, e também indicando a entrada em um momento com mais possibilidades de experimentação. Contando uma história bem diferente da esperada, de um alienígena extremamente perigoso que acaba caindo no planeta Terra e aqui descobre o significado de família, ele se afasta das convenções do estúdio de trazer princesas ou dramas familiares em um sentido mais estrito dos laços sanguíneos.

Ainda assim, ele não conseguiu passar incólume dessa revisão que a Disney está fazendo de seus próprios filmes, transformando animações em longa-metragens. Se há casos em que isso deu muito certo (Aladdin (2019)) e muito errado (Branca de Neve (2025)), pairava a incerteza sobre o destino do alienígena malcriado querido por toda uma geração. Seria ele humanizado em um CGI estranho? A história seria mudada excessivamente para trazer a visão da companhia?

Felizmente a resposta para essas perguntas surge muito cedo no filme, quando percebemos que a primeira cena é praticamente uma refacção em animação 3D do que fora o filme em 2D. Design de personagens parecido, Stitch devidamente profanando os ouvidos de toda a Confederação Intergaláctica, e um coral de crianças cantando similarmente em havaiano na cena de introdução de Lilo. Aí surge uma outra questão: seria necessário realmente refazer o filme, se sua estrutura permanece tão semelhante?

Não existe uma resposta óbvia para esta pergunta, até porque não estamos falando apenas da arte por si própria, mas também de todo um sistema de lucro em cima de bilheterias que tem se mostrado bastante instável nos últimos anos. Mas dentro do que o filme se propõe, que é o equivalente ao arquitetônico retrofit de uma obra, ele consegue obter sucesso. Ele não cria grandes inovações, mas moderniza questões relativas à passagem do tempo, como a própria exploração do Havaí como destino turístico, e a diminuição do tom de humor um pouco mais ácido presente no original e que tem se tornado cada vez mais vetada em filmes voltados ao público infantil. Ao mesmo tempo, ele consegue respeitar os valores da obra original, como o respeito à cultura havaiana e o elo familiar criado entre duas criaturas que possuem um nível de caos parecido.

Longe de inventar ou até de reinventar a roda, o fato do filme se basear em um material base excepcional faz com que a experiência seja agradável, e provavelmente ajudará toda uma nova geração a conhecer uma história que já havia marcado a geração anterior, mas talvez não fosse tão reconhecida como tal. Provavelmente trará uma bilheteria melhor que as obras anteriores e permanecerá alimentando esse sistema de reciclagem  de materiais – enquanto um público mais amadurecido segue esperando por uma nova era de ouro das animações.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima