O Esquema Fenício (EUA e Alemanha, 2025)
Título Original: The Phoenician Scheme
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson e Roman Coppola
Elenco principal: Benicio Del Toro, Mia Threapleton, Michael Cera, Truman Hanks, Steve Park, Willem Dafoe, Scarlett Johansson e Riz Ahmed
Duração: 101 minutos
Distribuição brasileira: Universal Pictures
Wes Anderson é um diretor atípico no que tange sua capacidade de comunicação através do aspecto visual do cinema. Seu estilo é tão marcante que existe um site e dois livros dedicados a simplesmente encontrar lugares no mundo que se encaixem em sua paleta de cores e simetria precisa. E, é claro, com as peculiaridades características, como um lugar lindamente ornado em meio a um deserto ou uma coleção retrô de borboletas. Isso não seria diferente em seu novo longa-metragem, além do uso de colaboradores frequentes como Alexandre Desplat como compositor e Adam Stockhausen como diretor de arte – havendo apenas uma mudança em seu diretor de fotografia, que aqui foi Bruno Delbonnel, conhecido pelas colaborações com Tim Burton e os irmãos Coen.

Isso ainda é somado ao elenco estelar que normalmente também é marcante em suas obras. Aqui, temos Benicio del Toro como o protagonista Zsa-Zsa Korda, Mia Threapleton como sua filha Liesl e Michael Cera como Bjorn Lund nos papeis principais, mas o elenco de apoio conta com nomes que vão de Bill Murray, Willam Dafoe, Bryan Cranston, Tom Hanks, Riz Ahmed, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch. Ou seja, seu trabalho continua sendo relevante para os seus pares, e trabalhar com ele segue como um elemento positivo para atores renomados.
Assim, a função do público acaba sendo se deliciar com a sua nova criação peculiar, levemente política e insuportavelmente bonita. Seguimos a vida de Zsa-Zsa Korda a partir de uma tentativa de homicídio, quando ele percebe a necessidade de pensar no que acontecerá com seus planos se ele finalmente for morto por algum de seus muitos inimigos. Ele decide explicar todo o seu esquema fenício para a filha prestes a se tornar freira, Liesl, e então partimos com eles para uma longa e atípica aventura enquanto eles negociam os acontecimentos.
Ao mesmo tempo em que temos a sensação reconfortante de assistir algo perfeitamente pensado e enquadrado a cada cena, este talvez seja entre os live actions do diretor, o mais caótico. Com um roteiro bastante intrincado e a necessidade de incluir uma infinidade de personagens, há muitos momentos em que acabamos relevando os acontecimentos apenas para apreciar o que está sendo mostrado. Apesar de essa ser uma maneira igualmente legítima de fazer um filme, foge um pouco da precisão milimétrica encontrada em outras obras, e acaba sendo até um frescor ao estilo do diretor. No entanto, sempre haverá a pessoa nostálgica e que deseja que nada mude nunca, que certamente bradará que “Wes Anderson já não é como antigamente”.
Existe uma repetição de fórmula na criação de personagens excêntricos em uma jornada em terras distantes e desconhecidas, mas tudo acontece de maneira diferente o suficiente para que o público se empolgue com aqueles personagens e aquela situação específica. Em especial, quando vemos Mia Threapleton em cena como essa personagem divertida que ao mesmo tempo em que demonstra devoção a Deus tem a sua vaidade e pequenos vícios, é muito difícil não se encantar com a sua atuação.
Talvez seja um pouco mais do mesmo, mas mais do mesmo ainda pode significar algo positivo quando se trata de Wes Anderson. E provavelmente é por isso que todos os artistas que colaboram com ele parecem estar sempre contentes em fazer parte de uma obra audiovisual tão caprichada e precisa.