Crítica | A Lenda de Ochi

A Lenda de Ochi (EUA, Finlândia e Reino Unido, 2025)

Título Original: The Legend of Ochi
Direção: Isaiah Saxon
Roteiro: Isaiah Saxon
Elenco principal: Helena Zengel, Willem Dafoe, Emily Watson, Finn Wolfhard, Razvan Stoica, Carol Bors, Andrei Antoniu Anghel e David Andrei Baltatuj
Duração: 95 minutos
Distribuição brasileira: Paris Filmes

Existe um ditado popular que diz “o perigo são os outros”. Ele advém da célebre frase do filósofo Jean-Paul Sartre que afirma que “o inferno são os outros”, em uma referência à necessidade do relacionamento com outros indivíduos para a criação da sua própria identidade e, em consequência, da compreensão de seus próprios limites. Tanto o ditado popular quanto a fala filosófica fazem todo o sentido quando pensamos na aventura A Lenda de Ochi

Somos introduzidos a uma região extremamente remota e montanhosa, em uma ilha bastante isolada do resto do mundo. Ali, a população local tem sua guerra particular com os chamados ochis, animais que habitam a região e que causam estrago por onde passam. Já nas primeiras cenas do filme, a protagonista Yuri (Helena Zengel) diz ao público que esses animais destruíram a sua família, e também pressupomos como isso aconteceu dado que seu pai, Maxim (Willem Dafoe), é obcecado pela caça deles. Então, já partimos para essa aventura junto aos dois e ao grande grupo de garotos da vila que Maxim treina para tentar exterminar ochis.

Só que toda essa narrativa foge do esperado quando Yuri acaba tendo contato mais próximo com um ochi filhote que é pego em uma das armadilhas do pai. Sensibilizada pela dor dele e encontrando ali um eco de sua própria dor, ela dá uma chance ao pequeno ser, e acaba se juntando a ele em uma jornada de retorno para a casa. O que ela talvez não imagine é que ela irá encontrar respostas para questões internas no meio desse processo.

Apesar de saber que nenhuma ideia é realmente original, e sim que a maneira de contar uma história que a torna diferente de tantas outras, o que acontece com A Lenda de Ochi é que se tem a sensação de que essa história realmente já foi contada de maneiras muito semelhantes. Mesmo o seu lançamento nos cinemas está exatamente entre Lilo & Stitch (2025) e Como Treinar Seu Dragão (2025), dois remakes em live action de obras também semelhantes. Há, é claro, uma mitologia própria e um design de produção incrível, mas os sentimentos que a trama evoca e até os trejeitos das criaturas míticas são um tanto semelhantes.

Então, considerando a semelhança entre narrativas, é necessário pensar um pouco mais sobre o tom utilizado para contar a história. Aqui, temos uma história muito mais reflexiva do que voltada aos aspectos de aventura, o que tem as suas consequências como um ritmo que inicia bastante desacelerado e vai ganhando mais fôlego quando a obra se encaminha para o seu fim. No entanto, como seu motivo é uma história de amadurecimento em um estágio mais voltado a um público juvenil, a obra pode encontrar dificuldade em encontrar o seu público. O desenvolver um pouco arrastado pode afastar justamente o seu público alvo, que muitas vezes necessita de mais estímulos para se conectar com a história. Então, chega-se ao impasse de que ele é um tanto maduro para um público mais jovem, mas com um roteiro simples demais para um público mais adulto.

Assim, apesar de um visual maravilhoso e que foi pensado para ser independente e fugindo da lógica de produção de grandes estúdios, ele não consegue se destacar o suficiente em relação ao que os mesmos produzem anualmente. 

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