O Mundo Perdido: Jurassic Park (EUA, 1997)
Título Original: The Lost World: Jurassic Park
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: David Koepp (baseado no romance de Michael Crichton)
Elenco principal: Jeff Goldblum, Julianne Moore, Vince Vaughn, Pete Postlethwaite, Richard Attenborough e Arliss Howard
Duração: 129 minutos
Distribuição: Universal Pictures
Sinopse: Uma equipe de pesquisa é enviada para a ilha do Parque Jurássico Local B para estudar os dinossauros, enquanto uma equipe da InGen se aproxima com outra agenda.
De tom confuso e motivações improvisadas, O Mundo Perdido – Jurassic Park é a típica sequência movida mais por obrigação do que por inspiração. Quatro anos após os eventos em Isla Nublar, Steven Spielberg retorna à direção, mas entrega um filme que, ao contrário do original, parece desconectado de qualquer entusiasmo criativo, e isso transparece em cada decisão narrativa.

Ao trazer de volta o matemático Ian Malcolm como protagonista de uma nova expedição, agora à Isla Sorna, local onde os dinossauros eram originalmente criados, o filme tenta replicar a dinâmica do primeiro, mas o faz de forma apressada, desalinhada e com um roteiro que caminha com dificuldade em meio a suas próprias premissas frágeis. É curioso notar como o texto parece desconfortável com sua própria existência, forçando justificativas para colocar humanos novamente diante de criaturas extintas, como se isso, por si só, bastasse para sustentar um filme inteiro.
O escopo é expandido, mas o tom se fecha. Spielberg abandona o espírito aventureiro e encantado do primeiro filme por uma atmosfera mais sombria e sisuda, uma escolha que não apenas destoa do que fazia Jurassic Park especial, como também enfraquece a própria ameaça dos dinossauros. A construção de tensão, que antes era natural e bem calculada, agora é substituída por cenas noturnas excessivas, que mais escondem do que revelam. A fotografia escura e a montagem caótica anulam o impacto visual de encontros com criaturas como os velociraptors e até mesmo os dois T-Rex, que aqui surgem como meras ferramentas para cenas de ação genéricas.
O elenco, por sua vez, é um reflexo direto da fragilidade do roteiro. Jeff Goldblum até tenta sustentar o protagonismo com seu carisma contido, mas encontra pouco suporte em personagens sem profundidade. Julianne Moore tem uma introdução promissora que logo se perde em atitudes irracionais; Vince Vaughn é um espectro de presença dramática; e a filha de Malcolm é uma adição cuja função narrativa é tão inconsistente que poderia ser facilmente retirada sem impacto algum.
No segundo ato, a superlotação de personagens e dinossauros dilui qualquer resquício de foco narrativo. Há um sentimento constante de que O Mundo Perdido quer impressionar pelo excesso de criaturas, de perseguições, de rugidos, mas esquece que o verdadeiro impacto do primeiro filme estava justamente na contenção, no mistério, na construção meticulosa do fascínio e do perigo. Talvez o mais frustrante seja perceber que a sequência parte de um universo com imenso potencial, mas se entrega à superficialidade de uma continuação apressada. O que poderia expandir o legado do original acaba sendo uma experiência frustrante, sem o encantamento, sem o senso de descoberta e sem qualquer identidade própria. O Mundo Perdido – Jurassic Park não compreende o sucesso de seu antecessor, e por isso mesmo, falha em quase todos os níveis em tentar replicá-lo.