Resenha | Lições de Liberdade

Título: Lições de Liberdade (Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, 2024)
Título Original: The Penguin Lessons
Direção: Peter Cattaneo
Roteiro: Jeff Pope (baseado em livro de Tom Michell)
Elenco principal: Steve Coogan, Jonathan Pryce, Bruno Blas, Julia Fossi, Vivian El Jaber, David Herrero e Björn Gustafsson
Duração: 1h51min (111 minutos)
Distribuição: Diamond Films

Lições de Liberdade se constrói enquanto drama que parece ter plena consciência de suas intenções de emocionar, e justamente por isso revela, quase sem querer, as limitações de sua própria proposta. A presença de um pinguim como catalisador narrativo funciona como artifício evidente para moldar a trajetória de um professor que transita do rude ao sensível, mas que acaba prisioneiro de uma estrutura engessada demais para dar conta da densidade do tema que se propõe a abordar: a ditadura argentina e o desaparecimento de opositores do regime.

Talvez o que mais incomode não seja nem o uso desse recurso, mas a forma como o filme deliberadamente escolhe varrer para debaixo do tapete a gravidade histórica que deveria estar no centro da experiência. É um drama que prefere suavizar conflitos ao invés de confrontá-los, e que abraça uma leveza quase infantilizada como estratégia emocional, mas cuja previsibilidade trai qualquer impacto mais profundo. O carisma do elenco, que se esforça para trazer humanidade aos personagens, acaba servindo apenas como sustentáculo frágil de uma narrativa que carece de coragem para se posicionar com firmeza diante de uma ferida histórica ainda aberta.

Lições de Liberdade aposta na doçura da amizade improvável entre homem e animal para construir sua catarse, mas esquece que, ao falar de tortura, censura e desaparecimentos, a escolha pela suavidade pode parecer covardia. Falta-lhe a confiança na força da própria imagem e do próprio tema, e o resultado é um filme que soa inofensivo demais para tratar de algo tão brutal. Ao final, fica a sensação de que se quis proteger o espectador da dor, mas acabou protegendo também o filme de qualquer relevância maior.

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