Resenha | Os Radley

Título: Os Radley (Reino Unido, 2024)
Título Original: The Radleys
Direção: Euros Lyn
Roteiro: Talitha Stevenson (baseado no livro de Matt Haig)
Elenco principal: Damian Lewis, Kelly Macdonald, Bo Bragason, Harry Baxendale, Sophia Di Martino, Steven Waddington, Madeleine Power e Shaun Parkes
Duração: 1h55min (115 minutos)
Disponível em: Amazon Prime Video

Os Radley começa com uma fagulha curiosa: um conceito que flerta com a originalidade e promete revitalizar as histórias de vampiros que há tempos parecem exauridas. Há, nos primeiros quinze minutos, uma sensação genuína de descoberta, como se o filme tivesse encontrado um ângulo novo para abordar um tema gasto pelo excesso de interpretações. Mas é justamente aí que reside sua maior ironia: quanto mais o roteiro avança, mais a narrativa se esvazia, como se não soubesse sustentar o fôlego inicial ou não tivesse confiança suficiente para mergulhar nas próprias ideias.

O que frustra não é apenas o fato de a história perder intensidade, mas a constatação de que havia, de fato, algo a ser explorado ali. Quando os vampiros se tornaram tão desinteressantes? É inevitável lembrar do impacto cultural de Crepúsculo, que, ao transformar o vampiro num galã melancólico, acabou contaminando toda a mitologia com uma melosidade difícil de contornar. Os Radley tenta contornar essa herança, mas tropeça em escolhas narrativas que beiram o banal, afastando-se da estranheza e do perigo que sempre deram força a essas figuras.

Ainda assim, seria injusto ignorar que, mesmo em seus momentos mais absurdos ou deslocados, ainda existe uma diversão. Como se, por mais que o roteiro se perdesse, sobrasse um resquício de charme no gesto de rir do próprio ridículo.

E talvez o aspecto mais curioso seja perceber como raramente as histórias de vampiros conseguem nos convencer de que ser um deles é algo terrível. Pense bem: são personagens envoltos em mistério, eternamente jovens, quase sempre dotados de uma sensualidade hipnótica, capazes de controlar mentes e, em muitos casos, acumulando riqueza ao longo dos séculos. Como esse destino poderia parecer uma maldição? Falta ao filme a coragem de encarar essa contradição de frente; falta-lhe, também, a convicção de assumir plenamente sua fantasia.

No fim, Os Radley se parece com uma oportunidade desperdiçada: começa apontando para um horizonte onde a mitologia vampírica poderia ganhar nova vida, mas se rende a um desenvolvimento previsível e burocrático. É uma obra que não ousa carregar até o fim a própria promessa, e que, por isso mesmo, acaba tão pálida quanto os personagens que coloca em cena.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima