Comentário | Drácula: Uma História de Amor Eterno

Drácula – Uma História de Amor Eterno (Reino Unido e França, 2025)
Título Original: Dracula: A Love Tale
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson (baseado no livro de Bram Stoker)
Elenco principal: Caleb Landry Jones, Christoph Waltz, Matilda De Angelis, Ewens Abid, Guillaume de Tonquédec e Bertrand-Xavier Corbi
Duração: 2 horas e 9 minutos (129 minutos)
Distribuição: Paris Filmes

Luc Besson decidiu revisitar um personagem que já atravessou gerações, estilos e cinematografias, e talvez esse seja justamente o maior problema de Drácula –  Uma História de Amor Eterno. O que se vê é uma espécie de reencontro redundante com a figura do vampiro, não por desejo de inovar, mas por um impulso quase nostálgico de replicar fórmulas. E não faltam referências: desde o romantismo gótico do clássico Drácula de Bram Stoker de Francis Ford Coppola até ecos de produções televisivas B dos anos 90. O problema é que tudo isso vem diluído, sem a vitalidade nem a personalidade de seus antecessores.

O filme se anuncia como uma versão “trash de luxo” do conde, mas entrega pouco além da estética artificialmente decadente. Há uma tentativa de resgatar o espírito camp, de exagerar os códigos do gênero com uma certa ironia, o que até poderia ser divertido, não fosse a direção que parece perdida entre a reverência e a paródia. O resultado é um filme que não sabe se leva Drácula a sério ou se está rindo com ele (ou dele).

Caleb Landry Jones é o destaque (e talvez o único ponto de real interesse aqui). Ele parece ter entendido que está num pastiche gótico com pretensões sentimentais e entrega um Drácula canastrão, operático e descontrolado, o que acaba funcionando justamente porque não tenta ser crível. Seu desempenho beira o performático de um teatro barato de horror, o que, curiosamente, sustenta o mínimo de coesão que o filme possui.

No mais, é um amontoado de cenas que soam derivativas, já vistas em dezenas de outras adaptações, mas sem a carga simbólica, a potência visual ou a inventividade que justificariam mais uma volta ao castelo. A longa duração só agrava a sensação de estarmos assistindo a um eco cansado de algo que já foi contado de formas muito mais impactantes. Se a ideia era brincar com o formato, tensionar os limites do romance vampiresco com uma pegada kitsch e irreverente, faltou coragem estética. O que sobra é uma obra que tenta flertar com o excêntrico, mas que termina num lugar comum, como uma relíquia de um tempo que já passou e que talvez devesse ter sido deixada lá.

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