Comentário | Meu Ano em Oxford

Meu Ano em Oxford (EUA, 2025)
Título Original: My Oxford Year
Direção: Iain Morris
Roteiro: Alisson Burnett, Melissa Osborn (baseados na obra de Julia Whelan)
Elenco principal: Sofia Carson, Corey Mylchreest, Dougray Scott, Catherine McCormack, Harry Trevaldwyn, Esmé Kingdom
Duração: 1h52min (112 minutos)
Disponível em: Netflix

Há filmes que não começam: já nascem esgotados. Meu Ano em Oxford é um desses. Vendido como um relato de superação, ele mais parece um catálogo de clichês cuidadosamente selecionados para alimentar uma estética aspiracional vazia. O tipo de narrativa que acredita que dizer “foi difícil” basta para que a gente acredite que foi mesmo.

A protagonista é apresentada como alguém que teria enfrentado o mundo com unhas e dentes. Mas bastam alguns minutos para que a fantasia desmorone: tudo ao seu redor é limpo, caro e anestesiado. Sua maior revolta é a gordura da comida de rua de outras pessoas, dos sotaques locais, da espontaneidade que ela nunca viveu e parece desprezar. Entre uma selfie num café georgiano e uma reclamação sobre o clima inglês, a jornada dela se revela menos sobre autoconhecimento e mais sobre autopromoção.

Ao se apoiar em enquadramentos genéricos, falas roteirizadas com excesso de verniz e conflitos que evaporam em segundos, o resultado é uma narrativa que jamais se compromete com criar um reflexo da verdade. Meu Ano em Oxford é menos sobre Oxford e mais sobre a ilusão de que viver é acumular registros bonitos de lugares caros. Falta dor real, falta humor que soe mais natural, falta voz. O filme tenta ter estilo, mas só consegue simular o que outros já fizeram e melhor.

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