A Hora do Mal (Estados Unidos, 2025)
Título Original: Weapons
Direção: Zach Cregger
Roteiro: Zach Cregger
Elenco principal: Julia Garner, Josh Brolin, Cary Christopher, Alden Ehrenreich, Amy Madigan, Jason Turner e Benedict Wong
Duração: 2 horas e 8 minutos (128 minutos)
Distribuição: Warner Bros.
Zach Cregger, que já havia demonstrado domínio sobre o inesperado em Noites Brutais, volta com uma obra igualmente provocativa, mas ainda mais ambiciosa em escopo e camadas. Em A Hora do Mal, o diretor não se limita a criar um filme de terror eficiente. Ele desenha, com precisão narrativa e sensibilidade estética, uma fábula sombria sobre traumas herdados, negligência institucional e os fantasmas invisíveis que pairam sobre a infância.

O que começa com uma atmosfera carregada de tensão e pistas sutis, sugerindo uma crítica social pontual e talvez até imediatista, se desdobra em algo muito mais profundo. Cregger não está interessado em conclusões fáceis. Ele prefere conduzir o espectador por um labirinto narrativo que ecoa tanto o terror psicológico de O Iluminado quanto o encantamento trágico de mundos como o de Willow: Na Terra da Magia. E, ainda assim, sua voz é própria, consciente do jogo que propõe e dos caminhos que escolhe seguir.
É admirável como o filme trafega por tonalidades diversas: medo, estranhamento, humor, sem se perder no processo. Há momentos que beiram o absurdo, cenas em que o riso e o pavor se encontram num mesmo quadro, mas tudo isso se encaixa dentro de uma estrutura sólida. Mesmo quando a narrativa tropeça em certos excessos ou parece hesitar, ela se recompõe com ritmo e propósito. Não é o tipo de obra que se entrega de imediato. A Hora do Mal permanece, cresce na memória, exige releituras. Mas já no impacto da primeira sessão é possível perceber sua densidade, sua coragem formal e, principalmente, seu compromisso em usar o gênero do terror para falar sobre dores que muitos preferem ignorar.