Comentário | Ameaça no Ar

Ameaça no Ar (Estados Unidos, 2025)
Título Original: Flight Risk
Direção: Mel Gibson
Roteiro: Jared Rosenberg
Elenco principal: Mark Wahlberg, Michelle Dockery, Topher Grace, Leah Remini, Maaz Ali e Paul Ben-Victor
Duração: 1h 31min (91 minutos)
Disponível em: Prime Video

Ameaça no Ar parte de uma premissa modesta e até promissora: um suspense de ação quase claustrofóbico, ambientado dentro de um avião pequeno, que poderia funcionar como exercício estilizado de tensão e violência contida. Mas o que se vê na prática é um filme que hesita entre assumir de vez um tom mais absurdo e pulp ou se manter refém de uma gravidade dramática, sendo que essa nunca encontra densidade de fato.

Curiosamente, essa dubiedade é refletida até na mise-en-scène: ao mesmo tempo em que flerta com o espetáculo do gore e da violência gráfica, marca registrada da filmografia de Mel Gibson como diretor, a obra acaba evitando ir fundo nesse caminho, limitando-se a poucos momentos sangrentos que sequer exploram com criatividade o espaço confinado do avião. A encenação, que poderia nascer do potencial estético do lugar apertado, acaba desperdiçada em cortes burocráticos e lutas que não geram nem impacto nem tensão.

É um filme que, ao contrário de outros projetos que reconhecem e celebram sua natureza B, parece constrangido em abraçar os excessos que poderiam torná-lo ao menos memorável. O resultado final oscila entre sequências de abertura e desfecho visivelmente apressadas, quase protocolares, e um miolo que carece de real energia ou invenção.No fundo, falta ao longa a mesma confiança que permitiu a outras obras do gênero (Sem Escalas, Vôo Noturno) flertar com o absurdo e transformar limitação orçamentária em virtude narrativa. Ao escolher caminhar num meio-termo, Ameaça no Ar acaba voando baixo: nem entrega espetáculo violento, nem consegue construir uma tensão dramática que faça valer o tempo de voo.

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