Comentário | Guerra dos Mundos (2025)

Guerra dos Mundos (Estados Unidos, Alemanha, 2025)
Título Original: War of the Worlds
Direção: Rich Lee
Roteiro: Kenny Golde, Marc Hyman, baseado no romance de H.G. Wells
Elenco principal: Ice Cube, Eva Longoria, Andrea Savage, Clark Gregg, Henry Hunter Hall, Iman Benson, Devon Bostick e Michael O’Neill
Duração: 1h 31min (91 minutos)
Disponível em: Prime Video

É curioso notar que, assim como muitos filmes embalados por supostas discussões contemporâneas, Guerra dos Mundos parece confundir paranoia tecnológica com substância narrativa. Rich Lee dirige a trama como quem tenta gritar “estamos sendo vigiados!” sem nunca realmente articular o que isso significa. Uma construção que soa tão vazia quanto as explosões digitais que preenchem quase todo o tempo de projeção.

A tentativa de modernizar a clássica história de H. G. Wells se limita a diálogos artificiais, teorias conspiratórias despejadas sem peso dramático e à presença de Ice Cube, que passa o filme inteiro reagindo ao caos como se fosse um espectador preso dentro da própria obra. Essa escolha, que talvez pudesse render um olhar cínico e interessante sobre o pânico coletivo, se converte em algo tão mecânico que beira o constrangimento. Seja ao ver sua filha quase esmagada por alienígenas ou colegas sendo incinerados diante de seus olhos, a reação é sempre a mesma, automática e sem impacto.

E mesmo com todos esses tropeços, o mais surpreendente é perceber que Guerra dos Mundos aposta numa retórica de urgência e relevância, quase como se tentasse se vender como um espelho do nosso tempo, um alerta sobre o quanto a tecnologia invadiu nossas vidas. Mas toda essa pretensão se desfaz em um espetáculo raso, que falha tanto na crítica que gostaria de fazer quanto na fantasia que almeja sustentar.

Rich Lee parece acreditar que a simples repetição de imagens catastróficas basta para construir uma história. O resultado é uma obra que existe pela destruição, sem jamais questionar de fato as razões ou consequências desse apocalipse, resumindo-se a 90 minutos de ruído sem eco.

No fim, sobra a sensação de que o filme foi moldado mais para atender aos algoritmos de um serviço de streaming do que por qualquer intenção criativa real, algo que até poderia soar como comentário ácido ou metalinguístico, se houvesse qualquer sinal de consciência disso. Infelizmente, nem isso encontramos aqui. É apenas ruído, vazio e constrangimento.

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