Comentário | Um Maluco no Golfe 2

Um Maluco no Golfe 2 (Estados Unidos, 2025)
Título Original: Happy Gilmore 2
Direção: Kyle Newacheck
Roteiro: Tim Herlihy, Adam Sandler
Elenco principal: Adam Sandler, Julie Bowen, Christopher McDonald, Ben Stiller, Benny Safdie, Margaret Qualley, Bad Bunny, Travis Kelce, Sunny Sandler e Maxwell Jacob Friedman
Duração: 1h 54min (114 minutos)
Disponível em: Netflix

É curioso perceber como Um Maluco no Golfe 2 se apresenta de imediato com uma clareza cínica sobre aquilo que realmente importa: não é a história, nem a técnica, mas sim o próprio Adam Sandler, agora revisitando a persona que o consagrou quase três décadas atrás. É uma escolha que escancara o autoconhecimento do filme enquanto sequência tardia, ciente de que se sustenta mais pelo afeto gerado em quem cresceu assistindo ao original do que por qualquer novidade de fato.

E, de certa forma, é impossível não reconhecer algum charme nisso. Kyle Newacheck constrói um longa que existe em função desse embate entre passado e presente, trazendo para o centro da comédia a “Kings League” do golfe, uma paródia satírica das ligas moderninhas que surgem para transformar qualquer esporte em entretenimento frenético para as redes sociais. É ali, nesse confronto entre a calma desajeitada de Happy Gilmore e a necessidade constante de hiperestímulo, que o filme encontra seu maior trunfo.

A graça, então, não está na originalidade do enredo ou na construção dramática, mas na maneira como Sandler abraça a própria caricatura para zombar da pressa do mundo atual. Um humor que ri de si mesmo, ao mesmo tempo em que se beneficia exatamente do saudosismo que critica. E se por um lado isso torna a narrativa previsível, por outro revela uma autoconsciência surpreendente. O filme entende que não precisa reinventar nada, apenas amplificar aquilo que já funcionava: os exageros, a grosseria pueril e a figura de Sandler como um ícone que sobrevive ao tempo.No fim das contas, Um Maluco no Golfe 2 funciona menos como filme de comédia e mais como evento nostálgico. É cinema que reconhece os próprios limites, e que encontra neles a liberdade para rir alto, zombar das modas passageiras e ainda provocar quem assiste a lembrar porque, lá atrás, Happy Gilmore virou um clássico tão querido.

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