Reflection in a Dead Diamond (Bélgica, Luxemburgo, Itália e França, 2025)
Título Original: Reflet dans un diamant mort
Direção: Hélène Cattet e Bruno Forzani
Roteiro: Hélène Cattet e Bruno Forzani
Elenco principal: Fabio Testi, Yannick Renier, Koen de Bouw, Maria de Medeiros e Céline Camara
Duração: 87 minutos
John D (interpretado por Fabio Testi em sua versão mais velha e Yannick Renier na mais jovem) é uma espécie de James Bond sexagenário que precisa retomar a sua vida de espião quando seu vizinho desaparece. Memória, imaginação e delírio se misturam no longa-metragem que conta a história de um detetive aposentado que aproveita seus dias vivendo com luxo na Riviera Francesa, sem nunca deixar claro o quanto trata de uma realidade estilizada ou quanto tudo é apenas um delírio do personagem principal.

Fazendo homenagens aos diversos elementos de um bom filme de espionagem, como uma femme fatale e um vilão inesperado, o filme descola completamente de qualquer chave de realismo para trazer essa versão nova da realidade onde cores são mais saturadas, o sol parece estar sempre quente e a lógica pode ser deixada completamente de lado em prol de uma narrativa mais livre e que traga sensações ao invés da racionalização. Com um trabalho de direção de arte impecável e com a invenção de elementos e peças de roupas que desafiam os limites do que os filmes projetaram no imaginário popular, a obra precisa de um público aberto a assistir algo diferente. E se o público estiver aberto a ele, terá uma grata viagem e surpresa.
Fora de uma proposta mais fechada, com liberdade para brincar com as expectativas do espectador e com os desejos de um homem aposentado, todos os elementos são inteligentemente posicionados para que haja uma surpresa a cada poucos minutos da obra. Somos bombardeados de imagens e conceitos a cada novo plano, mas ao invés de isso parecer excessivo, os diretores conseguem encontrar um ponto de equilíbrio perfeito no qual todo o circo armado para em pé. Em uma mistura de excelentes escolhas artísticas e uma base dramática sólida, eles criam um universo delirante e apaixonante na mesma medida.
Durando exatamente o tempo máximo que o público aguentaria a sua estética maximalista, o filme incita a imaginação e quebra um pouco a mesmice da lógica da produção de cinema. Se torna então muito bem vindo em um momento no qual se discute o excesso de realismo presente nas telas, e se destaca por ser esse filme independente da expectativa de quem começa a assisti-lo esperando um drama existencial.