Crítica | Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado (2025)

Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (Estados Unidos, 2025)

Título Original: I Know What You Did Last Summer
Direção: Jennifer Kaytin Robinson
Roteiro: Jennifer Kaytin Robinson e Sam Lansky, baseado em história de Leah McKendrick e Jennifer Kaytin Robinson
Elenco principal: Madelyn Cline, Chase Sui Wonders, Jonah Hauer-King, Tyriq Withers, Sarah Pidgeon, Billy Campbell, Gabbriette Bechtel, Austin Nichols, Freddie Prinze Jr. (retornando) e Jennifer Love Hewitt (retornando)
Duração: 101 minutos
Distribuição: Sony Pictures

É curioso observar como essa nova encarnação de Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado parece caminhar com plena consciência do legado que carrega, ainda que incapaz de reinventá-lo por completo. Há algo quase cômico e ao mesmo tempo sincero no esforço do filme em revisitar as fórmulas do slasher dos anos 90 enquanto tenta imprimir uma roupagem contemporânea, tropeçando mais vezes do que gostaria, mas mantendo viva uma centelha de diversão que, paradoxalmente, nasce justamente de suas limitações.

Diferente de outros remakes que se levam a sério em excesso, aqui o espírito do slasher surge como um alívio: a narrativa abraça o absurdo de si mesma e faz disso uma virtude, ainda que os setpieces careçam de intensidade e as mortes jamais alcancem o impacto necessário para se fixarem na memória do público. É um filme que entende o próprio papel como peça de fan service e, por isso mesmo, brilha em momentos pontuais, sobretudo sempre que a figura de Danica, vivida por uma magnética Madelyn Cline, invade a tela. Ela, em poucos gestos e olhares, consegue trazer aquele carisma irresistível que transforma personagens secundárias em divas cult, capazes de manter o interesse mesmo quando a história vacila.

Por outro lado, há uma estranha sensação de que tudo aqui chega atrasado: se o original de 1997 já surgia à sombra de Pânico, lançado um ano antes, este novo capítulo parece existir na ressaca criativa deixada pelo reboot de Pânico de 2022 como se apenas repetisse fórmulas, personagens e sustos já exaustivamente revisitados. É sintomático perceber que, apesar das tentativas de atualizar a trama com temas atuais, os personagens ainda transitam por arcos previsíveis e saem de cena sem grande impacto, tornando o conjunto mais protocolar do que realmente marcante.

Ainda assim, talvez seja injusto exigir profundidade de um filme que, no fundo, jamais pretendeu entregá-la. O que resta é justamente aquilo que faz dele um guilty pleasure legítimo: a lembrança carinhosa dos filmes originais, o prazer bobo de reconhecer referências jogadas de forma quase preguiçosa, e a pequena vitória de ver uma atriz como Cline se firmar como ícone pop de um subgênero que, mesmo cansado, segue encontrando respiros de vida.

Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado não é o filme que os fãs pediram, nem o que a franquia precisava. Mas há uma franqueza quase inocente em sua proposta, como quem admite desde o início que não entregará nada além de uma hora e meia de sustos fáceis, diálogos truncados e uma homenagem, mesmo tímida, a um passado que ainda desperta simpatia. Não é bom, mas diverte, e às vezes, especialmente em um slasher, isso basta.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima