Jurassic Park III (EUA, 2001)
Título Original: Jurassic Park III
Direção: Joe Johnston
Roteiro: Peter Buchman, Alexander Payne e Jim Taylor
Elenco principal: Sam Neill, William H. Macy, Téa Leoni, Alessandro Nivola, Trevor Morgan e Michael Jeter
Duração: 92 minutos
Distribuição: Universal Pictures
Sinopse: Um casal curioso convence o Dr. Grant a ir para a Ilha de Sorna em férias, mas seu inesperado pouso altera os novos habitantes da ilha.
Logo nos primeiros minutos, Jurassic Park III deixa claro que seu compromisso não está com o aprofundamento dramático ou com grandes revelações sobre os limites éticos da ciência, pilares que marcaram o clássico de 1993, mas sim com a aventura crua e direta, numa narrativa que reconhece suas limitações e, em certo sentido, até se diverte com elas. Ao retornar à figura de Alan Grant (Sam Neill) como protagonista, a franquia parece buscar abrigo num território familiar, quase nostálgico, ainda que assuma sem rodeios que já não carrega o mesmo peso ou ambição dos tempos de Spielberg e Crichton.

O terceiro filme da série de dinossauros rompe com a tradição ao ser o primeiro sem direção de Steven Spielberg e sem base literária de Michael Crichton, e é justamente nessa quebra que encontra sua identidade. Joe Johnston, experiente em aventuras familiares e fantásticas, entrega um longa com ritmo ágil (são apenas 94 minutos) e foco total no espetáculo visual e no entretenimento rápido, sem se perder em discursos grandiosos ou subtextos mal explorados como no desastroso O Mundo Perdido.
É uma obra que parece plenamente consciente de sua função: divertir. Não há aqui pretensão de elaborar grandes metáforas sobre a natureza ou a ganância humana, mas sim um filme que aceita sua simplicidade e a utiliza a seu favor. Desde a proposta básica, um resgate de um garoto preso na Ilha Sorna, até as soluções visivelmente apressadas do roteiro, tudo aponta para uma experiência mais leve, quase episódica, que mais se aproxima de um capítulo solo do que de uma grande conclusão.
Seus momentos mais questionáveis, como o tratamento simplório dado aos velociraptors ou um clímax apressado que carece de impacto real, são equilibrados por uma direção que entende o que funciona dentro dessa estrutura modesta: a construção de set pieces divertidas, a presença carismática de Sam Neill, novamente sólido como Grant, e a inserção bem-vinda de criaturas que há tempos os fãs esperavam ver em ação, como os pterodáctilos.
Jurassic Park III talvez nunca tenha ambicionado ser mais do que uma aventura descomplicada, e por isso mesmo, acaba superando as expectativas deixadas por seu antecessor. Não há espaço para o peso ou o tom soturno do segundo filme. Aqui, o que prevalece é a leveza, o dinamismo e um olhar quase infantil para a ideia de estar cercado por dinossauros. É, ao fim, um exemplar de entretenimento funcional: mediano, sim, mas seguro do que pretende ser.
E às vezes, tudo o que um blockbuster precisa é saber exatamente aonde quer chegar — e correr o mais rápido possível de um T-Rex até lá.