Quarteto Fantástico (Estados Unidos, 1994)
Título Original: The Fantastic Four
Direção: Oley Sassone
Roteiro: Craig J. Nevius, Kevin Rock (Baseado nos personagens de Stan Lee e Jack Kirby)
Elenco principal: Alex Hyde-White, Rebecca Staab, Jay Underwood, Michael Bailey Smith, Joseph Culp e Kat Green
Duração: 90 minutos
É curioso perceber que Quarteto Fantástico (1994) existe quase como uma lenda urbana materializada. É um filme que parece feito apenas para cumprir tabela, tão apressado e improvisado que cada cena soa como se pudesse desmoronar a qualquer instante. E isso, por incrível que pareça, é parte do seu encanto torto.

De certa forma, há um senso de autoconhecimento inconsciente aqui: o longa não tenta, nem por um segundo, parecer mais grandioso do que suas circunstâncias precárias permitiram. O resultado é um desfile de soluções caseiras que lembram mais a encenação de um grupo de amigos interrompido pela hora do lanche do que uma superprodução da Marvel. E ainda assim, essa precariedade é exatamente o que o torna fascinante. Não porque funcione (seria forçar a barra dizer que qualquer aspecto realmente funcione), mas porque abraça de maneira quase inocente seus próprios limites.
Há um mérito meio perturbador em notar que, mesmo neste estado quase inacabado, Quarteto Fantástico não é a pior adaptação já feita desses personagens. É como se o filme encontrasse, no meio de todo seu caos, um carisma involuntário, algo que surge não das intenções do roteiro ou da direção, mas do puro fato de existir contra todas as probabilidades.
Ver os animatrônicos do Coisa ganhando closes orgulhosos é quase comovente. Mais do que isso: é uma confissão sincera da equipe de que, mesmo no meio de um desastre anunciado, havia paixão suficiente para tentar algo que, para eles, parecia valer a pena. O filme não tem a sofisticação de quem entende a força da imagem ou da mitologia dos heróis, mas compensa com um desespero criativo quase palpável.
No fim, Quarteto Fantástico (1994) se torna uma relíquia peculiar, que desperta riso e, paradoxalmente, um certo afeto. É ruim, sem dúvida, mas também é, de um jeito que escapa a classificações fáceis, estranhamente inesquecível.