Superman IV: Em Busca da Paz (Estados Unidos, Reino Unido, 1987)
Título Original: Superman IV: The Quest for Peace
Direção: Sidney J. Furie
Roteiro: Lawrence Konner e Mark Rosenthal
Elenco principal: Christopher Reeve, Margot Kidder, Gene Hackman, Jackie Cooper, Marc McClure, Jon Cryer, Sam Wanamaker, Mark Pillow e Mariel Hemingway
Duração: 90 minutos
Disponível em: HBO Max
Há algo de melancólico em assistir a Superman IV: Em Busca da Paz. É um filme que tenta desesperadamente reacender a chama de uma franquia que já havia perdido seu fôlego. A tentativa de retomar a essência do personagem e seu universo soa mais como um eco distante de um tempo em que ver o Homem de Aço alçar voo causava espanto. Aqui, resta apenas a imagem pálida de uma mitologia que já não sustenta seu próprio peso.

De imediato, chama atenção a decisão de ignorar completamente os eventos de Superman III e, ironicamente, repetir muitos de seus tropeços. O herói que já salvou o mundo incontáveis vezes é agora colocado em conflitos que, embora envolvam temas globais como a Guerra Fria, soam desprovidos de qualquer tensão real. A humanidade de Clark Kent, embora ainda evidente em sua generosidade e ética inflexível, é soterrada por um tom infantilizado que dilui qualquer densidade emocional ou dramaticidade.
A escolha de trazer Gene Hackman de volta como Lex Luthor e de dar um breve espaço à Lois Lane de Margot Kidder busca estabelecer vínculos com o que um dia foi a alma da série, mas o que se vê na tela é um esqueleto animado por boas intenções. A nostalgia aqui não reconstrói; apenas evidencia o vazio de um universo que perdeu sua identidade. A sequência parece existir apenas por inércia, como se bastasse juntar os elementos conhecidos para evocar a magia original. Não basta.
Talvez o aspecto mais gritante seja o declínio técnico. Os efeitos visuais, outrora revolucionários, agora oscilam entre o risível e o constrangedor. É quase uma ironia cruel que o slogan “Você acreditará que um homem pode voar” tenha nascido desta franquia porque neste quarto capítulo, o voo é tão falso quanto simbólico.
Mesmo em sua tentativa de abordar temas relevantes, como o desarmamento nuclear e o papel da mídia em conflitos geopolíticos, o roteiro tropeça em decisões absurdas e desconexas com qualquer lógica interna. A suspensão da descrença é exigida em níveis catastróficos: personagens respirando no espaço, bandeiras sendo fincadas na Lua como prioridade dramática e reviravoltas românticas de um simplismo quase infantil. Ainda que haja uma crítica velada ao sensacionalismo e uma cena comovente em que Clark revisita suas raízes, isso não basta para justificar sua existência como cinema relevante.
Ainda há certa diversão em seu exagero quase cartunesco. Mas isso não o exime de ser um capítulo frágil, desgastado e equivocado dentro de uma saga que já brilhou intensamente. É um epitáfio agridoce para uma era que já não existe, e um lembrete cruel de que boas intenções não salvam um filme quando a execução falha em todos os pontos de sustentação.