Crítica | Terror em Shelby Oaks

Terror em Shelby Oaks (EUA, 2025)

Título Original: Shelby Oaks
Direção: Chris Stuckmann
Roteiro: Chris Stuckmann e Sam Liz
Elenco principal: Camille Sullivan, Sarah Durn, Brendan Sexton III, Michael Beach e Keith David
Duração: 91 minutos (1h 31min)
Distribuição: Diamond Films

Já são quase três décadas que a revolução de A Bruxa de Blair assola nosso imaginário, assim como são quase três décadas que o terror insiste em retornar sempre que pode para o mockumentary a fim de investigar o horror em tempo real sobre o que existe para além da câmera e no extra-campo. Os primeiros minutos de Terror em Shelby Oaks parecem bem promissores neste sentido quando misturam um viés jornalístico a ideia de “filmagens encontradas” sobre uma turma de Youtubers paranormais onde todos foram encontrados brutalmente mortos, exceto a sua hostess principal, Riley (Sarah Durn). Sem grandes justificativas, o filme não demora a abandonar toda esta ideia estilística para se conformar com a filmagem convencional que conhecemos. E com isso, qualquer potencial aparente se esvai.

Não obstante, o filme do estreante em longas Chris Stuckmann, oriundo do canal Chris Stuckmann Movie Reviews, onde fazia reviews de terceiros, também toma emprestado pra si a grandeza de um nome que não é seu: os cartazes ostentam o nome de Mike Flanagan como produtor executivo do projeto quando, na verdade, ele foi somente uma das pouco mais de 230 pessoas que participaram do financiamento coletivo do filme. Flanagan é tão associado quanto qualquer outro dos nomes que doaram seus fundos para o projeto ver a luz do dia – ou o escuro de uma sala de cinema.

É uma auto-importância que o filme de Stuckmann jamais justifica, também demonstrando que o diretor pouco aprendeu com as reviews que aplicava em seu próprio canal. Quando o filme abandona a estética do found footage (novamente, sem grandes justificativas) e passa a acompanhar a sua real protagonista, Mia (Camille Sullivan), que parte em busca da irmã desaparecida na cidade fantasma de Shelby Oaks, ele passa a se contentar com todas as situações e decisões estapafúrdias que um típico terror de shopping lançado no mês do Halloween. Ele se sente satisfeito em reproduzir apenas para aproveitar a apelação do período comemorativo.

Veja bem, mesmo com todos os avisos de alerta e perigo, acreditando ou não que eles possam ser sobrenaturais, Mia sai em busca da irmã em plena noite escura para procura-lá dentro de uma prisão abandonada na cidade fantasma onde a própria Riley já havia registrado fenômenos sobrenaturais. E logo quando uma senhora estranha e mergulhada nas sombras se apresenta para ela e a convida para entrar em sua casa, Mia prontamente aceita, sem nenhuma hesitação. É como se o filme só conseguisse sobreviver através do estapafúrdio, das decisões mais estúpidas possíveis vinda de seus personagens para que qualquer situação se justifique em cena. Os personagens se deixam levar por qualquer perigo que apareça em Terror em Shelby Oaks, o que impede qualquer empatia de nossa parte, público, para com eles. 

E claro, Stuckmann jamais deixa de lado a insistência básica do gênero em prolongar os momentos de silêncio ao seu máximo, apenas para acrescentar aquele susto acrescido de uma trilha sonora no último volume para fazer o espectador pular da cadeira. Fica aquele gosto amargo do desejo de ver o filme que acreditamos que ele seria caso tivesse apostado até o fim na sua proposta estilística. Não é o caso de Terror em Shelby Oaks.

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