Crítica | The Studio

Crítica | The Studio (EUA, 2025)
Título Original: The Studio
Direção: Evan Goldberg, Seth Rogen
Roteiro: Evan Goldberg, Alex Gregory, Peter Huyck, Frida Perez, Seth Rogen
Elenco: Seth Rogen, Catherine O’Hara, Ike Barinholtz, Chase Sui Wonders, Kathryn Hahn, Bryan Cranston
Duração: 10 episódios (30-40 min cada)
Disponível em: Apple TV+

The Studio representa o ponto alto da parceria entre Seth Rogen e Evan Goldberg.

“Os Bastidores de Hollywood” seria um nome alternativo clichê, mas que descreve bem o que a série The Studio retrata. A cada episódio uma das feridas da indústria cinematográfica norte-americana é exposta e cutucada com muito humor autocrítico e um elenco de peso.

Após a demissão de Patty Leigh (Catherine O’Hara), Matt (Seth Rogen) assume a cadeira de produtor do estúdio Continental e precisa conciliar sua paixão pelo cinema autoral com a realidade de um mercado que exige lucros acima de tudo — personificado no mercenário CEO Griffin Mill (Bryan Cranston).

O dilema entre arte e indústria é o que movimenta os dez episódios da série, provocando situações mais absurdas e humilhantes — como convencer o realizador Martin Scorsese a dirigir um filme sobre a bebida Kool-Aid.

Mais uma vez, os diretores e roteiristas Evan Goldberg e Seth Rogen inspiram-se nos próprios anseios e experiências pessoais para o roteiro. A parceria de longa data entre os dois rendeu sucessos comerciais como Superbad (2007), Segurando as Pontas (2009), É o Fim (2013), entre outros.

No entanto, é aqui que os dois atingem um patamar de genialidade com um humor afiado, caótico e muito bem costurado em um roteiro metalinguístico inteligente e sólido — que também é assinado por Frida Perez, Alex Gregory e Peter Huyck. Estes dois últimos escreveram a série Veep (2012-2019, HBO), que claramente é uma referência para a construção de personagens falhos e amorais, trazendo ainda comentários sarcásticos sobre a própria profissão e sobre temas atuais, como representatividade racial e inteligência artificial.

Além do roteiro, outro grande destaque é o trabalho de câmera. O segundo episódio (“The Oner), que é sobre a dificuldade da gravação de uma cena em plano-sequência, é inteiramente filmado sem cortes. A ansiedade é transmitida pela câmera frenética que acompanha os atores enquanto eles caminham rapidamente, e mostra tudo o que acontece ao redor deles. Essa técnica aumenta a tensão em um nível agonizante, aumentando tanto os riscos da produção quanto a adrenalina do espectador.

Como se não bastasse a ótima atuação do elenco fixo — com destaque para Ike Barinholtz, Kathryn Hahn, Chase Sui Wonders e Bryan Cranston —, atores, diretores e demais celebridades, como o já mencionado Scorsese, aparecem como eles mesmos. Olivia Wilde, ZoëKravitz, Parker Finn, Ron Howard, Paul Dano, Zac Efron, Ice Cube, Ted Sarandos (co-diretor da Netflix) e muitos outros protagonizam cenas hilárias, demonstrando a capacidade de rir de si próprios.

Todos os episódios contêm surpresas, reviravoltas e situações absurdas, nos fisgando do início ao fim. No entanto, meus favoritos são o 2, 6 (“The Pediatric Oncologist”) e 8 (“The Golden Globes”). O sexto sai dos sets de gravação e questiona a relevância do cinema sob outra perspectiva. Já o oitavo é sobre o Globo de Ouro e faz pensar no impacto que deve ter sido assistir uma outsider como Fernanda Torres ganhar o troféu de melhor atriz de drama em 2025.

The Studio é uma sátira imperdível sobre o modelo de negócios hollywoodiano e a crítica que o setor precisava. É verdade que a linguagem autorreferencial e o ritmo alucinado podem confundir telespectadores fora do mundo criativo, mas o carisma de Seth Rogen e os temas universais ajudam a envolver o público. Afinal, além de divertir, a série explora bem os jogos de interesses e as motivações dos profissionais imersos na indústria, levantando reflexões sobre os conflitos e perrengues do mundo do entretenimento.

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