Um Filme Minecraft (Suécia e EUA, 2025)
Título Original: A Minecraft Movie
Direção: Jared Hess
Roteiro: Chris Bowman, Hubell Palmer e Neil Widener
Elenco principal: Jennifer Coolidge, Jason Momoa, Emma Myers, Jack Black, Jemaine Clement, Kate McKinnon, Danielle Brooks e Sebastian Hansen
Duração: 101 minutos
Distribuição brasileira: Waner Bros
É difícil encontrar algum jogo que tenha sido mais popular do que Minecraft. Desde o seu início em 2009 até todas as suas mudanças relacionadas à propriedade intelectual e atualizações, racismo do criador da ideia original, ele é, afinal, o jogo mais baixado do mundo. Mais do que isso, ele foi muito importante para popularizar a ideia de um jogo Open World (Mundo Aberto), no qual não existia um objetivo específico, mas sim a possibilidade infinita de construção e diversão. Além disso, com a adição do modo multijogadores e da atenção que recebeu de youtubers populares, ele foi essencial na construção de uma grande comunidade e de uma possibilidade de alinhar a tecnologia à companhia.

A ideia de um filme relacionado ao universo do jogo também já é antiga, com rumores e versões tendo aparecido desde 2014. Seu desenvolvimento foi sendo atrasado, mudando de mãos e finalmente acontecendo sob a direção de Jared Hess, conhecido principalmente por conta de seu filme de comédia que se tornou um clássico cult, Napoleon Dynamite (2004). É assim que a obra chega ao seu formato final, contando uma narrativa bastante linear sobre Steve (Jack Black), um garoto que sonhava em entrar em uma mina quando era criança e que, depois de muitos anos, descobre um portal mágico que o leva para o universo de Minecraft.
Somos introduzidos ao conceito do filme em uma sequência de apresentação muito bem humorada e que lembra dos melhores momentos do humor esquisito do diretor em suas obras anteriores. Com o carisma que apenas Jack Black possui, compramos essa ideia inicial e recebemos com alegrias as piadas claramente feitas para quem jogou Minecraft, como a primeira casa feita de terra e o modo de fazer amizade com lobos. Entendemos também a proposta de retornar ao mundo real e trazer novos personagens para a história, mas à parte de Garrett (Jason Momoa), eles possuem uma personalidade tão pouco explorada que dificilmente conseguimos nos interessar por eles. Então, quando essas duas linhas narrativas se cruzam e seguimos um roteiro de aventura bastante padronizado e apenas adaptado para o universo do jogo, há a impressão de uma adaptação genérica e bastante derivativa do original.
É claro que existe um momento interessante de compreensão de quais são as referências que serão colocadas no longa-metragem, assim como as travessias pelo vale da estranheza que alguns dos personagens quadrados dos computadores terão para um universo onde convivem com humanos. Graficamente, percebe-se uma sagacidade visual, e narrativamente também na capacidade de se fazer piadas com isso. No entanto, a trama segue adicionando tantos elementos confusos e que trazem pouco à discussão, como o uso de Jennifer Coolidge para criar apenas uma piada final, que é difícil se manter interessado nos acontecimentos. É claro que temos cenas de ação interessantes, assim como uma jornada de aventura bem colocada dentro de estruturas de roteiros convencionais. No entanto, é difícil entender o quanto da jogabilidade e da disrupção que foi Minecraft. Sente-se muito pouco do que foi a ode à criatividade e às possibilidades infinitas que o jogo representou, caindo apenas em um uma obra formulaica que não captura a essência do que está tentando adaptar.
Apesar de acabar conseguir criar um filme simples o suficiente para que pessoas que não conheçam o jogo possam se interessar, e com referências o suficiente para que quem jogou se divirta, a obra funciona muito mal como uma adaptação audiovisual do jogo. Talvez pela sua estrutura mais fluida, um tom menos engessado possivelmente faria bem ao seu roteiro.