Crítica | Wicked: Parte 2

Wicked: Parte 2 (EUA, 2025)

Título Original: Wicked: For Good
Direção: Jon M. Chu
Roteiro: Dana Fox e Winnie Holzman baseados no livro de Gregory Maguire
Elenco principal: Cynthia Erivo, Ariana Grande, Michelle Yeoh, Jeff Goldblum, Jonathan Bailey, Ethan Slater, Marissa Bode, Bowen Yang, Bronwyn James, Keala Settle
Duração: 138 minutos (2h 18min)
Distribuição: Universal Pictures

Quando houve o primeiro questionamento sobre a decisão da separação do filme Wicked (2024) em duas partes, uma das justificativas utilizadas pelo compositor Stephen Schwartz era relacionada à dificuldade de colocar qualquer coisa em tela após a performance de Defying Gravity. E realmente, no final da primeira obra, por mais que compreendamos que não houve um fechamento da narrativa, certamente deixamos as salas de cinema com aquela impressão de grandiosidade deixada pelas notas finais de Cynthia Erivo. A questão que essa situação levanta se torna como fazer um novo filme que faça jus à grandiosidade do primeiro? 

Se na primeira obra há um clima mais adolescente, voltado para as duas jovens Glinda (Ariana Grande) e Elphaba (Cynthia Erivo) indo para a faculdade e começando a se aprofundar em uma vida adulta que passa de discotecas ao fascismo, na segunda obra tudo já se inicia mais tenso. A primeira cena já indica a perseguição à Elphaba, com Madame Morrible (Michelle Yeoh) gritando mensagens de caça à bruxa, e essa será a maior parte da trama, alternada com a perseguição aos animais e a tentativa de Glinda de colocar panos quentes na situação e seguir a sua vida dos sonhos. Somado à isso, também acontece a esperada chegada de Dorothy à Oz e todos os acontecimentos que envolvem a obra original O Mágico de Oz.

Talvez esse seja um dos primeiros elementos que saltem aos olhos do público. Em comparação com a primeira obra, que tem a introdução de muitos personagens secundários e tramas paralelas, aqui o foco se dá nos personagens principais e nessa trama da caça à Elphaba. Até os personagens que têm alguma relevância na primeira parte aqui recebem pouca atenção, seguindo o que acontece na peça musical. Mas, considerando o ano que temos de diferença entre os filmes, há uma estranheza em ver essas figuras escanteadas, ainda mais ao considerar a introdução dos novos personagens necessários à saga de Dorothy.

O que permanece inalterado, em compensação, é a química entre Erivo e Grande. Além das performances individuais com vocais que beiram a perfeição e duas novas músicas compostas para o filme que são realmente aditivas à obra, os pontos altos da obra estão nas poucas cenas em que elas compartilham a tela. Talvez por todo o histórico criado anteriormente, acabamos ansiando por esses momentos e normalmente recebemos a recompensa de cenas bonitas, emocionantes e divertidas.

John M. Chu mostra, novamente, que sabe filmar cenas musicais com talento e capacidade audiovisual que justificam a adaptação do teatro às telonas. Há dois momentos belíssimos e que merecem ser destacados: o primeiro é na performance de For Good na qual a câmera gira em torno das protagonistas e cria o seu próprio movimento de dança enquanto é capaz de focar no que realmente importa naquele momento, que é a emoção das personagens; e o segundo é no fatídico momento no qual a bruxa é derrotada, que nos é mostrado através de um jogo de luzes e sombras em uma parede, ao invés de simplesmente mostrar a cena. 

Infelizmente, por outro lado, há algumas questões estéticas que incomodam. Uma delas é o uso indiscriminado do CGI nos animais, que são parte importante da narrativa. Obviamente, não se espera que se treine um urso ou um leão para falar, mas mesmo os animais colocados em momentos mais simples parecem ter o movimento muito mecânico, tirando um pouco do foco do espectador e jogando contra a própria obra, que utiliza diversos cenários construídos para evitar as telas verdes. Além disso, existe uma questão realmente de vale da estranheza com a pele do Espantalho, que obviamente é feita de palha, mas que por conta do padrão utilizado dá uma leve tripofobia.

Assim, ainda que existam momentos bonitos e bem executados, o próprio roteiro joga contra o filme. A quebra em duas partes fez com que essa segunda metade ficasse muito focada em uma única narrativa e tivesse momentos estranhos como o final da canção No Good Deed que tem uma proporção épica sendo cortada diretamente para uma cena do Mágico em seu escritório. O que eles quiseram evitar ao separar o filme em duas partes é então repetido dentro de uma dessas metades, mostrando que este é mais um problema da adaptação de musicais do que uma decisão criativa para preservar o filme.

Logo, por mais que a obra tenha alguns excelentes momentos, a resposta para a pergunta inicial deste texto é que não é possível manter essas proporções épicas por mais um filme. Mesmo sendo uma experiência cinematográfica agradável, a sensação ao sair do cinema é a de que ele não consegue ser tão empolgante quanto a primeira parte.

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