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Foto do escritorCarol Ballan

13º Olhar de Cinema | Crítica | Os Paraísos de Diane

Os Paraísos de Diane (Suíça, 2024)


Título Original: Les Paradis de Diane

Direção: Carmen Jacquier e Jan Gassman

Roteiro: Carmen Jacquier

Elenco principal: Dorothée de Koon, Aurore Clément, Roland Bonjour e Omar Ayuso

Distribuição brasileira: Atualmente sem distribuidora oficial

Duração: 94 minutos


O contraste entre as cenas iniciais de Os Paraísos de Diane indicam uma visão sobre o que está acontecendo. Se há uma primeira cena de sexo afetiva e sensual, rara nas telas quando se trata de uma mulher grávida, a cena seguinte, do parto, é mais comum e pouco romantizada. Tentando ter uma visão realista sobre os acontecimentos, logo conhecemos Diane (Dorothée de Koon) como a mulher que percebe, no momento em que se torna mãe, como alguém que abomina o novo título.


cena do filme os paraísos de diane, sobre o qual é a crítica

Estamos em um momento da sociedade no qual é comum falarmos sobre a depressão pós-parto e o seu efeito nas mulheres e nas crianças. Entretanto, ao invés de seguir por um caminho de abordagem médica, há uma escolha por compreender o comportamento de Diane como uma rejeição ao seu novo status, na necessidade de se livrar dele. Sem julgá-la por suas ações, apenas a acompanhamos nessa rota de fuga por uma Europa lotada de pessoas e vazia de afetos.


Existe uma grande complexidade na personagem, não dando a ela um status de loucura ou uma conformação. Ao mesmo tempo em que está em desespero pela reação da humanidade ao seu ato de abandono, fica claro que ela não está em uma rota de fuga dos afetos. Quando encontra a idosa Rose (Aurore Clément), com quem consegue compartilhar parte de seu fardo como dissidente, ela consegue aceitar uma relação de amizade e até admiração. E assim, nunca revelando em excesso sobre sua situação, ela consegue até encontrar um novo papel mais adequado à situação de vida em que se encontra.


A iluminação do filme é um fator decisivo em seu modo de revelar a personagem. Com muitos contrastes entre luz e sombra, muitas vezes a personagem consegue se esconder à plena luz do dia, ou se revelar mais profundamente quando em um cenário noturno. Buscando outras figuras que tenham desejos que não sejam padronizados, e até a aprovação de completos estranhos por quem sente repulsa apenas para se acalmar, seu caminho acaba criando várias pequenas versões de uma personagem, gerando essa profundidade já citada.


Outro elemento muito relevante é a trilha sonora, que quando misturada aos sons da cidade consegue criar um cenário auditivo sensorial ao espectador, que consegue criar mais empatia com a protagonista. A mistura de línguas, a efervescência da vida noturna e a possibilidade de total anonimato são os elementos necessários para que Diane consiga sua fuga, e a cidade espanhola que parece ser um centro de festas internacionais também se revela uma escolha perfeita.


Quando se encaminha para o final, o longa-metragem perde boa parte de seu fôlego tentando criar uma solução para todos os problemas, mesmo quando isso foge um pouco da sua própria proposta. Se conhecemos os paraísos de Diane na multidão ou na ilha isolada, reflexo de seu próprio interior, nada mais é acrescentado por um final mais fechado.


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