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Foto do escritorCarol Ballan

13º Olhar de Cinema | Crítica | Quem É Essa Mulher?

Quem É Essa Mulher? (Brasil, 2024)


Título Original: Quem É Essa Mulher?

Direção: Mariana Jaspe

Roteiro: Mariana Jaspe e Muriel Alves

Elenco principal: Mayara Priscila de Jesus

Distribuição brasileira: Atualmente sem distribuidora oficial

Duração: 70 minutos


Fazer um filme a partir de uma pesquisa científica é uma tarefa difícil, pois se “o drama é a vida sem as partes chatas” (Alfred Hitchcock, em tradução livre), infelizmente a maior parte das pesquisas se dá em partes chatas. Ainda que o assunto da pesquisa seja interessante e necessário, a tarefa geral de buscar informações, conferir fontes e escrever é um pouco mais lenta e solitária do que o ritmo de um longa-metragem. Então, na tentativa de tornar o filme mais dinâmico, a própria pesquisadora Mayara Priscila de Jesus se torna também uma personagem.


entrevista do documentário quem é essa mulher?

A diretora faz um bom trabalho em esboçar paralelos entre a vida de Mayara e de Maria Odília de Teixeira, a primeira médica negra do Brasil. Entre as consequências do racismo estrutural, se Maria Odília fora uma pioneira em um momento em que a medicina era estudada apenas por homens e em sua maioria brancos, Mayara aparece no filme como a primeira pessoa de sua família, que é negra, a se formar na universidade. Ao mesmo tempo, com esses paralelos criados pela montagem e até pela escolha de como abordar os assuntos, percebemos que outras questões já tiveram maior evolução, como a escolha de parar de trabalhar para casar da médica e que claramente não tem reflexo na vida de Mayara. Aproximando as duas, por mais que sejam casos utilizados apenas como exemplos, temos uma noção de assuntos que parecem ter parado há um século quando falamos de inclusão racial.


Infelizmente, apesar dessa parte humana mais empolgante, o filme sofre do mal dos documentários feitos quase que como ditado em uma cartilha. Muitas entrevistas nas quais já se sabe a resposta das perguntas, além de cenas de Mayara retornando a locais que já passara para escrever sua tese, dão a sensação de que estamos vendo “a parte chata”. Ainda por uma questão da escolha de quais caminhos narrativos seguir, cria-se toda uma linha de buscar quem era a mãe de Maria Odília quando mais tarde se sabe que seu filho, que também aparece no longa, se lembra de quem era a avó. Talvez tentando seguir muito estritamente o que era a cronologia da dissertação e tentando respeitar esse documento base, a lógica do filme fica prejudicada.


Vale dizer que Mariana Jaspe, já premiada no Festival de Gramado pelo curta-metragem ficcional Deixa (Brasil, 2023), está assinando pela primeira vez um longa. Ainda que ele tenha alguns tropeços em sua condução, tem uma importância histórica grande e já mostra uma sensibilidade grande em como construir personagens dentro de uma lógica de documentário.


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