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Foto do escritorCarol Ballan

Crítica | 48a Mostra | Sujo

Sujo (México, EUA e França, 2024)


Título Original: Sujo

Direção: Astrid Rondero e Fernanda Valadez

Roteiro: Astrid Rondero e Fernanda Valadez

Elenco principal: Juan Jesús Varela, Yadira Pérez, Alexis Varela, Sandra Lorenzano, Jairo Hernandez, Kevin Aguilar e Karla Garrido

Duração: 125 minutos  


Quando o filme Sujo se inicia, suas primeiras cenas não fazem muito sentido para o espectador. Na primeira, apenas conhecemos um garoto chamado Josué que parece encantado com um cavalo que conseguiu fugir do seu dono. Na segunda, vemos que esse garoto cresceu e agora é um homem, que prefere ser chamado pelo seu apelido dentro do cartel de drogas para o qual trabalha. Então, por mais que não se entenda a dinâmica familiar em um primeiro momento, percebemos que este homem está levando um homem para ser executado, tendo seu filho no banco de trás do carro. Esse garoto é Sujo, e por mais que nem ele nem os espectadores presenciem a violência, fica claro que a sua vida estará sempre marcada por esse universo.


cena inicial do filme sujo

Mais do que ser mais um filme extremamente violento lidando com guerras entre carteis e a fronteira entre México e EUA, o que as diretoras e roteiristas decidem fazer de diferente é pensar no universo a partir do ponto de vista de Sujo. Assim, no geral, nós vemos o que ele vê, o que significa tanto alguns enquadramentos menos comuns e que focam no que estaria visível do ponto de vista de uma criança até a criação de um espaço para imaginação das coisas que estão acontecendo fora do quadro.


Ele se divide em quatro capítulos que vão lidar com as pessoas de maior influência na vida do rapaz. Em um primeiro momento, seu pai Josué, seguido pela tia Nemesia, que fica com a guarda dele ainda pequeno, em seguida passando para uma adolescência com influência dos irmãos de criação Jai e Jeremy, e por fim chegando à professora e mentora Susan.


Com esses capítulos, o que conseguimos perceber é como a sua vida é uma luta constante contra um ciclo de violência estabelecido por pessoas distantes e ausentes, desde seu pai até os chefes do tráfico mexicano. Sua luta para seguir o caminho que lhe é apresentado pelas mulheres de sua vida é constante, e é necessário estar sempre atento a todas as movimentações para não cair em uma armadilha de sua própria criação e ambiente. A falta de opções aos jovens é muito clara, e é impossível não pensar em um paralelo com o Brasil ou com quase todos os países sul-americanos. O machismo e a violência sempre presentes são como uma provação de sua força de vontade, e provavelmente pela escrita feminina, percebemos como as mulheres acabam sendo mais eficientes em se afastar deste caminho apresentado.


O resultado é um grande estudo de personagem contido, que sugere mais do que mostra os perigos da vida do menino. É interessante que, em um ano em que Emilia Pérez (2024) está em alta, o filme tão diferente e que mostra outra faceta da mesma moeda tenha ganhado a premiação do júri no Festival de Sundance.


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