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Foto do escritorCarol Ballan

Crítica | 77º Festival de Locarno | Foul Evil Deeds

Foul Evil Deeds (Reino Unido, 2024)


Título Original: Foul Evil Deeds

Direção: Richard Hunter

Roteiro: Richard Hunter

Elenco principal: Alexander Perkins, Song-Hung Chang, Des Yankson, Tracy Bargate, Philip Day, Alice Elliot, Freya Evans e Mitch Howell

Duração: 108 minutos


A proposta de buscar a maldade nos atos humanos cotidianos e deixar os espectadores julgarem por si próprios poderia gerar um longa-metragem extremamente instigante. Mas infelizmente a proposta voyeurística de Richard Hunter escorrega um pouco na forma, e o resultado é um longa-metragem bastante bagunçado e pouco desafiador.


uma das pequenas cenas inclusas no filme foul evil deeds

Filmado com câmeras mini DV justamente pensando em trazer um aspecto doméstico para os pequenos segmentos gravados, o filme tenta trazer uma noção de questionamentos sobre a moralidade humana através dos nossos atos cotidianos. Entretanto, as situações apresentadas são muito pouco provocadoras, fazendo pouco sentido se questionar sobre a moralidade nestes atos específicos.  Tirando algumas poucas sequências como os casos claros de assédio e assassinato, tem-se a sensação de que o diretor, ao contrário da neutralidade que tenta imprimir, suprime parte da narrativa apenas para criar um questionamento sobre um assunto que deveria ser óbvio.


Assim, o que temos é uma grande colcha de retalhos de momentos e personagens excessivos, sem termos capacidade para compreender melhor nenhum deles, nem que seja para discordar de seus atos. A perda desse fio condutor narrativo faz com que todas as outras escolhas do longa não funcionem, desde este aspecto mais caseiro até a falta de trilha sonora que também deveria gerar a sensação de que estamos observando humanos agindo normalmente, sem um roteiro. A edição pesada, com muitos cortes diretos para o preto, também faz com que parte dessa magia também se quebre, não conversando com o resto da linguagem da obra,


A ficção que tenta se maquiar de documentário não funciona nem como um, nem como outro. Existem exemplos muito mais simples na vida real que levariam a um questionamento parecido, e obras de ficção que constroem tão bem personagens que nos levam a acreditar que suas atitudes moralmente erradas são justificáveis. Nenhuma das potencialidades do audiovisual é utilizada para criar uma obra resistente, e infelizmente ocorre uma oportunidade perdida para um destaque de um diretor iniciante.


Estranhamente, o diretor anunciou em entrevista que pretende seguir a carreira dirigindo continuações. Se sua ideia for seguir com continuações para essa série, seria interessante ir mais a fundo nos desejos de seus personagens e desenvolvê-los melhor para permitir aos espectadores essa jornada pela maldade humana.


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