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Foto do escritorCarol Ballan

Crítica | 77º Festival de Locarno | Holy Electricity

Holy Electricity (Geórgia e Holanda, 2024)


Título Original: Holy Electricity

Direção: Tato Kotetishvili

Roteiro: Irina Jordania, Tato Kotetishvili e Nutsa Tsikaridze

Elenco principal: Nikolo Shviniashvili e Nika Gongadze

Duração: 104 minutos


É impressionante quando paramos para pensar em situações que tornam as experiências humanas mais parecidas ao invés de dessemelhantes. Quando iniciamos o longa-metragem Holy Electricity é possível até sentir que essa é uma história brasileira, se não fosse a língua completamente diferente. Mas a história de um garoto que precisa começar a viver com o tio após a morte do pai é algo que poderia acontecer em qualquer país, sendo o elemento cultural o que o difere de qualquer outra obra.


cena do filme holy electricity

No seu início, se não se tiver muitas informações sobre a obra, é possível acreditar que o filme é um documentário, dada a sua linguagem que simula um realismo. Buscando o máximo de iluminação natural e uma atuação minimalista, além de cortes que lembram a linguagem documental, rapidamente compreendemos o drama das duas pessoas que precisam conviver e, mais do que isso, se sustentar em um sistema capitalista sem muito espaço para pessoas relativamente pobres. Eles começam, aos poucos, um trabalho de venda de cruzes com luzes de LED, a partir de um lote de crucifixos de metal encontrados em uma espécie de lixão.


Mais do que contar uma única história sobre a dupla com uma estrutura clássica de três atos, o longa os persegue em uma busca de dissecar diversos aspectos de suas personalidades. Aqui, há um roteiro muito bem pensado para trazer à tona todos os pormenores dessas personalidades incríveis. O trabalho só funciona tão bem por conta de uma excelente atuação de atores carismáticos e que conseguem entregar essa verdade que o filme simula. Ele funciona muito mais como uma observação sobre a vida naquele momento da história georgiana. Aqui, é necessário colocar que não consegui encontrar a informação se o ator que interpreta um homem trans é realmente um homem trans - o que poderia trazer toda uma nova discussão.


Isso é somado a uma inteligência na progressão de planos, muitas vezes criando até piadas visuais ao mostrar aos poucos o que deseja para os espectadores. A sua capacidade em transitar por diversos espaços permite que se tenha uma visão ampla sobre a sociedade georgiana justamente pela apresentação dos seus excluídos.


É a mistura entre a originalidade do diretor e sua habilidade técnica de imprimir os seus conceitos em tela que faz com que o simples se torne sublime. É essa capacidade de criar um produto audiovisual muito bem acabado em um filme de estreia que faz com que o diretor se destaque bastante no cenário internacional. 



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