Apaixonada (Nathália Warth, 2024, Brasil)
Nome Original: Apaixonada
Roteiro: Ana Mara Abreu e Sabrina Garcia
Elenco principal: Giovanna Antonelli, Danton Mello, Rodrigo Simas, Jonas Bloch, Rayssa Bratillieri, Polly Marinho e Pedroca Monteiro
Distribuição brasileira: Imagem Filmes
Duração: 95 minutos
Apesar de normalmente ser preferível ao apaixonado pelo cinema pensar nele como uma arte, é inegável o poder que ele possui como agente da cultura de massa. Por mais que suas qualidades em ambos campos possam se alinhar, existem momentos em que se compreende que a mensagem que ele passa pode ser positiva para a sociedade, mas a sua qualidade técnica e capacidade de construção narrativa não conseguem atingir um potencial. É exatamente o que acontece com Apaixonada, que apesar de tratar de um assunto relevante na vida das mulheres, acaba o fazendo de maneira leviana e por vezes até distrativa.
O roteiro pode atrair aos cinemas muitas mulheres de quarenta e poucos anos por uma semelhança com o que elas estão passando na vida real. Beatriz (Giovanna Antonelli) passou a sua vida tentando ser o que as pessoas esperavam dela como mãe, esposa e filha. Então, quando se encontra sozinha, ela tem dificuldade em entender quem ela é para si mesma. Em um país como o Brasil, no qual as pautas sobre família mudaram bastante nos últimos anos, essa é uma história bastante comum e que certamente todos os espectadores reconhecem em alguém ao seu redor.
Enquanto o filme avança e percebemos os seus erros, acertos e aprendizados na nova liberdade, temos um filme fácil de acompanhar principalmente pela boa atuação e elevado carisma de Giovanna Antonelli. Mas ao mesmo tempo, os próprios rumos da narrativa param de empolgar quem assiste quando todas as cenas parecem apenas um prenúncio para algo pouco surpreendente, e com pouco tempo de obra já seria possível entender todo o avanço do roteiro. Por mais que a falta de originalidade seja reconfortante, ela faz com que o filme aos poucos se torne monótono.
Além disso, há aspectos técnicos simples que incomodam quem assiste. A falta de continuidade com a franja cortada pela personagem, que parece ir e vir no ritmo em que a trama avança, demonstra uma falta de preocupação com o continuísmo do filme e deixa a obra menor aos olhos dos espectadores. A escolha de fazer com que a personagem quebre a quarta parede e fale diretamente com espectadores também parece ousada de maneira desmedida com o quão tradicional o filme é em seu formato. Acaba não dialogando com todo o resto do filme e parecendo um elemento colocado apenas para tentar trazer uma modernidade dada a popularidade de obras que o fizeram adequadamente recentemente.
O resultado é um filme sobre um assunto importante, mas que não consegue refletir profundamente sobre os debates que ele mesmo propõe. Talvez essa não seja nem a sua proposta, pensando em uma comédia, mas o humor é usado mais adequadamente quando traz alguma discussão ou reflexão mais profunda. Esta obra, infelizmente, parece ser esquecível no momento em que se sai da sala de cinema.
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