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Foto do escritorCarol Ballan

Crítica | Mostra de SP | Serra das Almas

Serra das Almas (Brasil, 2024)


Título Original: Serra das Almas

Direção: Lírio Ferreira

Roteiro: Maria Clara Escobar, Paulo Fontenelle e Audemir Leuzinger

Elenco principal: Ravel Andrade, Vertin Moura, Jorge Neto, Mari Oliveira, David Santos, Pally Siqueira, David Santos e Julia Stockler

Duração: 120 minutos

Distribuição brasileira: Carnaval Filmes


Nos primeiros instantes de Serra das Almas, é normal o espectador se sentir confuso. Afinal, ele tem uma sinopse bastante genérica, de um roubo que dá errado e cujos assaltantes precisam se reconectar com pessoas de seu passado e resolver intrigas antigas para seguir em frente. Somado a isso, ele se inicia com uma sequência de montagem paralela ligando uma movimentada fuga de carro com cenas de uma mulher tranquila tomando seu banho de rio, propondo essa estranheza pela comparação, e já preparando o espectador para a narrativa que irá se desenrolar.


As três mulheres de Serra das Almas dentro do carro

Por uma questão de respeito aos leitores, evitarei entrar em pormenores narrativos dada a indisponibilidade de assistir ao filme no momento. Ainda assim, é importante comentar a sua estrutura, que se desenvolve não linearmente de maneira a captar ainda mais a atenção do público. O filme já se inicia no meio da ação, sem sabermos exatamente quem são aqueles personagens ou até o excêntrico e desolado lugar que eles vão parar, a Serra das Almas que dá nome ao longa. Aos poucos, através de flashbacks, vamos compreendendo melhor quem são aquelas pessoas e quais as estruturas de poder entre elas.


Sendo um filme orgulhosamente nordestino, filmado na Serra das Almas por um diretor recifense, é marcante a sonoridade dos diversos sotaques em tela, com pessoas vindas de diversas regiões do país. Ele também aproveita para discutir de maneira indireta a debandada de pessoas desses locais mais afastados do país, onde há poucas oportunidades de trabalho e as cidades tendem a diminuir cada vez mais.


E, como é muito comum no cinema brasileiro, é perceptível a um olhar mais atento que esta não é uma produção com um gigantesco orçamento, mas a direção consegue se esquivar de deixar isso transparecer excessivamente. Mostrando sangue apenas quando necessário e utilizando os enquadramentos justamente para manipular o espectador a completar a imagem mentalmente, percebe-se experiência no fazer cinematográfico. A única grande exceção é um machucado, que parece não aparecer mais por criar uma dificuldade narrativa do que pela execução disso.


A cinefilia do diretor também transparece com as falas ligadas a filmes e que tanto dão um aceno à plateia, que provavelmente se divertirá com falas específicas, quanto ajudam a criar a personalidade dos personagens segundo suas referências. O humor também está em quase todas as cenas do filme, equilibrando a violência dos fatos. Mas infelizmente, como acontece na maioria das obras do gênero, o final acaba se tornando menos impactante pelo excesso de informações e explicações que ele dá.


O filme foi uma grata surpresa no festival, surpreendendo também a Netflix, que lhe deu o seu prêmio de distribuição. Ainda não sabemos como ou quando ele chegará nas telinhas e telonas.


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