top of page
Foto do escritorCarol Ballan

Crítica | O Exorcismo

O Exorcismo (EUA, 2023)


Título Original: The Exorcism

Direção: Joshua John Miller

Roteiro: M.A. Fortin e Joshua John Miller

Elenco principal: Russell Crowe, Ryan Simpkins, Sam Worthington, Chloe Bailey, Adam Goldberg, Adrian Pasdar e David Hyde Pierce

Distribuição brasileira: Imagem Filmes

Duração: 95 minutos


Interpretar papeis parecidos pode ser algo muito bom ou muito ruim para a carreira de um ator. Saber então que Russell Crowe está em seu segundo filme sobre exorcismo deste ano poderia significar algo ótimo ou algo muito estranho para a sua carreira. Infelizmente, apenas pelo trailer de O Exorcismo já se começa a esperar o pior. A narrativa parte de uma boa ideia: um ator em um momento muito ruim de sua vida (interpretado por Crowe) que vê em um papel específico uma espécie de redenção para sua carreira. Mas o filme em questão é um remake de O Exorcista (1973), e aos poucos sua filha Lee (Ryan Simpkins) começa a perceber comportamentos muito estranhos vindos dele.


russel crowe em cena do filme

Existe um grande potencial dessa ideia, ainda mais quando a interpretação fica por conta de Crowe. O elemento metalinguístico de tratar de uma produção sobre um filme que está sendo feito acrescenta voyeurismo ao que já é essencialmente uma experiência de um grupo de pessoas assistindo aos fatos se desenrolarem em uma tela. Então, simulando tirar essa máscara da obra, poderia se chegar a um resultado bem interessante, mas o diretor parece não perceber a oportunidade que possui em mãos. Ao invés de pensar em clichês do gênero para tentar subvertê-los e criar algo novo, ele fica em uma indecisão entre drama e horror que não consegue alcançar plenamente nenhum dos gêneros possíveis.


Talvez a crise de gênero seja um dos elementos mais marcantes da obra. Existem muitas ideias: a relação quebrada entre pai e filha por conta da doença da mãe, a descoberta da sexualidade não heteronormativa da garota, o homem em reabilitação. Mas não há o tempo ou o espaço para que nenhuma dessas possibilidades avancem muito, porque há um comprometimento com o horror que retorna ao recurso do susto para manter o espectador entretido. Ao mesmo tempo, não se joga de cabeça no gênero de horror de possessão justamente porque se gasta muito tempo criando todo esse cenário complexo que não é aproveitado. E nesse espaço limiar de existência, quem mais perde é o próprio filme.


Até as escolhas estéticas realizadas atuam contra a sua execução, como a falta de contraste na fotografia que torna a obra enfadonha. Tudo parece extremamente protocolar, apenas em homenagem ao filme anterior, sem nunca superá-lo apesar dos 50 anos desde o seu lançamento. Nesse mar de escolhas medianas, nem mesmo as escolhas mais acertadas conseguem fazer com que o barco não afunde. E o pior de tudo é a oportunidade perdida, que talvez se colocada em mãos mais experientes poderia se tornar um filme avassalador.


コメント


bottom of page