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Adam Williams

Crítica | Robô Selvagem

Robô Selvagem (EUA, 2024)


Título Original: The Wild Robot

Direção: Chris Sanders

Roteiro: Chris Sanders e Peter Brown

Elenco principal: Lupita Nyong'o, Pedro Pascal, Kit Connor, Bill Nighy, Stephanie Hsu, Matt Berry, Mark Hammil, Ving Rhames e Catherine O'Hara

Duração: 102 minutos

Distribuição Brasileira: Universal


Aparecendo primeiramente como uma “opção” à Pixar, não demorou muito para a DreamWorks se destacar com histórias que assumiam uma veia cômica mais ácida e ousada que o padrão esperado das animações, mas sem necessariamente deixar de lado um tom mais tocante e emocional. E O Robô Selvagem (The Wild Robot) segue nessa linha mais emotiva, adaptando um livro homônimo em um filme mais voltado ao coração e que não se priva de tocar em temas sensíveis na tentativa de arrancar lágrimas de seu público.


frame de robô, raposa e gambá no filme o robô selvagem

Dirigido por Chris Sanders – do ainda mais emocionante Como Treinar o Seu Dragão –, O Robô Selvagem até brinca com seu tom de maneira a soar mais infantil do que realmente é. Em sua primeira meia hora, onde aborda a adaptação da protagonista Roz (Lupita Nyong’O) apela para a fofurice dos animais e para piadas com a relação dos bichinhos com a robô, que seguem naquele tom de “peixe fora d’água”. Mas não demora para a obra mostrar a que veio quando somos apresentados aos coadjuvantes que terão uma ligação mais profunda com a personagem.


Sanders utiliza sua experiência prévia na direção ao focar na relação entre personagens para estabelecer vínculo com o espectador. Além de Como Treinar o Seu Dragão, o diretor também foi responsável por Lilo & Stitch, duas obras que cativam justamente pelo vínculo estabelecido entre os principais personagens. Aqui, por sua vez, o diretor reforça esse estilo de narrativa enquanto oferece uma nova camada: a maternidade, que não necessariamente é representada de maneira inédita, mas acrescenta um toque “universal” para a obra, já que todos podem se identificar com essa relação disfuncional de alguma maneira.


É inclusive uma narrativa universal o suficiente para coroar a nova fase do estúdio, que parece mais aberto à experimentação do que nunca. Brincando com estilos diferentes de animação, O Robô Selvagem utiliza do mesmo visual de Gato de Botas 2 para contar sua história, valorizando os diferentes animais – e a própria robô – com movimentos, texturas e traços que realçam ainda mais a personalidade de cada personagem. Até mesmo os mais coadjuvantes tem sua parcela de tempo e cuidado para se tornarem o favorito do público, já que cada um ali tem seu momento de roubar a cena – e um humor acertado e, por vezes, até peculiar.


O visual deslumbrante também é destaque em grandes momentos da obra, como na montagem envolvendo um “treino de voo” de Bico-Vivo que é, possivelmente, o ápice do longa, não apenas visualmente, mas também narrativamente. Inclusive, é até estranho parar para pensar como esse ponto alto vem cedo demais, deixando aquela dúvida do que o filme tem para contar além daquilo. E mesmo que Sanders maneje bem sua história a partir de certo ponto, fica claro que a segunda metade sofre uma quebra de ritmo, arriscando perder de vista seu maior mérito ao quase abandonar o lado mais intimista de sua história e se tornar algo mais megalomaníaco e fora do escopo apresentado no começo. Ainda que totalmente coerente com tudo que foi contado até ali, claro.


Mas se isso não é suficiente para destruir o apelo emocional de O Robô Selvagem, é justamente pela poder que a obra tem de conquistar. A narrativa é forte e seus personagens são realmente cativantes, e mesmo que existam limitações para que o filme alcance voos mais altos, isso pouco significa diante dos inúmeros momentos em que a obra brilha de verdade. Nesse aspecto, o longa trata de ir muito além de uma “releitura” de Patinho Feio para ganhar corpo por si só e tratar de temas mais maduros – como pertencimento ou o papel dos avanços tecnológicos e suas possíveis consequências – sem perder a mão. Tudo isso em meio a uma robozinha simpática e bichinhos que irão fazer ecoar um longo “awnn” do público durante a sessão de cinema. Falo por experiência própria.


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