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Foto do escritorCarol Ballan

Crítica | TIFF 2024 | The Shrouds

The Shrouds (Canadá e França, 2024) Ainda sem título em português

Filme #1


Título Original: The Shrouds

Direção: David Cronenberg 

Roteiro: David Cronenberg

Elenco principal: Vincent Cassel, Diane Kruger, Guy Pearce, Sandrine Holt, Jennifer Dale, Jeff Yung

Duração: 119 minutos  


São pouquíssimos os diretores que podem afirmar ter mais de 50 anos de carreira, e o canadense David Cronenberg é parte deste seleto grupo. Com algumas temáticas comuns a toda a sua carreira, como a relação das pessoas com um corpo que inevitavelmente irá morrer e sempre terá desejos sexuais inesperados, The Shrouds não pode ser considerado um filme inovador dentro de sua cinematografia. Mas é um bom exemplo de como atualizar essas temáticas com o passar do tempo e mudanças da tecnologia.


cena de cemitério no longa-metragem the shrouds

Aqui, o pretexto é a vida de Karsh (Vincent Cassel), um homem tão rico quanto deprimido e que decide investir em uma tecnologia pouco usual após a morte de sua esposa. Trata-se do homônimo Shroud, que consegue acompanhar a degradação do corpo após o enterro. Então, quando ele começa a perceber formações estranhas no cadáver da esposa e alguns de seus cemitérios - porque sim, ele também é dono dos cemitérios onde a tecnologia é utilizada - são atacados, ele passa a tentar descobrir qual é o pretexto para esses acontecimentos.


A obra foi originalmente pensada para ser uma série para a Netflix, e isso infelizmente fica impresso no resultado final. Existem muitos arcos narrativos que são abertos e que nunca chegam a lugar nenhum, e considerando o tom de thriller que ele começa a adquirir, é um processo um tanto frustrante. Ao mesmo tempo, percebe-se o caráter pessoal existente, até porque o diretor também perdeu recentemente sua esposa e parece estar fazendo uma sessão de terapia coletiva com a sua arte.


Somos induzidos a uma suspensão da realidade pelo excesso de pessoas falando, como se estivéssemos naquele momento de um velório onde ninguém quer deixar um assunto morrer para que o silêncio e a falta nunca se façam presentes. Ao mesmo tempo, temos os desejos sexuais aparecendo de um modo quase inadequado, mas naturalizado, como apenas o diretor é capaz de produzir. Enquanto ele toca nas questões de privacidade virtual e os limites da tecnologia para lidar com a humanidade, estamos em um terreno discursivo interessante, mas quando se passa para a trama de espionagem e traições, infelizmente essa potência se perde - até porque o final criado é muito pouco satisfatório perante a tudo que é levantado.


Assim, a obra dá uma ótima sensação de vermos um Cronenberg maduro, mas ainda completamente autêntico, mas nos lembra que na atualidade há pouco espaço para a autenticidade, com um projeto tendo que ser finalizado de outra maneira dada a dificuldade de financiamento para a ideia original.


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