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Foto do escritorCarol Ballan

Crítica | TIFF 24 | The Last Showgirl

Filme #7

The Last Showgirl (EUA, 2024) Ainda sem título em português


Título Original: The Last Showgirl

Direção: Gia Coppola

Roteiro: Kate Gersten

Elenco principal: Pamela Anderson, Dave Bautista, John Clofine, Jamie Lee Curtis, Patrick Hilgart, Billie Lourd e Brenda Song

Duração: 85 minutos


É impossível começar a escrever um texto sobre um filme de Gia Coppola sem citar o fato de ela ser uma nepo-baby, neta de Francis Ford Coppola e sobrinha de Sofia Coppola. Ou seja, é inegável que ela parte de um ponto de início, mesmo com uma produção independente, um pouco mais privilegiado que qualquer diretor sem contatos ou possíveis mentores.


pamela anderson em cena de the last showgirl

Dito isso, The Last Showgirl ainda é um filme independente. Com gravações em menos de 20 dias, sem grandes estúdios envolvidos e com um orçamento apertado, como geralmente acontece. Mesmo assim, a diretora decidiu contar a história trazida por um roteiro de mais de dez anos atrás de Kate Gersten sobre um show burlesco de Las Vegas que está chegando ao fim a partir do ponto de vista de Shelley (Pamela Anderson), a sua performer mais antiga. Tendo dedicado toda a sua carreira ao showbusiness, aos 50 anos as suas possibilidades de vida parecem um tanto minadas.


O casting de Pamela Anderson para o papel principal é um elemento de grande destaque, devido à história pessoal da atriz e escritora. Tendo começado a sua carreira ainda nos anos 1980 e estando sempre muito ligada a uma imagem altamente sexualizada, a maioria dos papeis para os quais foi escalada estavam ligados a uma imagem sensual. Mesmo com seus esforços para mostrar outras facetas, o estereótipo permanece presente mesmo nos dias atuais - e então o encontro entre Shelley e Pam parece inevitável. A atriz é capaz de fornecer uma interpretação compassiva para a personagem, mostrando aspectos pouco explorados de sua própria atuação e trazendo algo de sua própria personalidade para ela. Desde a voz forçada para se tornar mais adocicada até o cabelo loiro volumoso, todos os elementos se encontram e criam algo realmente memorável para a carreira da atriz.


Mesmo que Shelley seja a protagonista e personagem mais marcante, a direção de atores é um elemento essencial para o filme, e que Gia mostra extrema competência ao realizar. Contando com grandes estrelas como Jamie Lee Curtis e Dave Bautista, os caminhos decididos pelos personagens não são sempre os que nos pareceriam mais óbvios, mas acontecem de maneira natural e fluída na tela.


Ainda assim, existem elementos na obra que trazem estranhamento. O primeiro deles é o inevitável roteiro muito circular e com referências muito estadunidenses, não sendo muito acessível para pessoas que não conhecem os estereótipos de Las Vegas que o filme toma como conhecidos. Como até a temática da obra depende muito dessas situações específicas da região, a mensagem mais universal da mulher que se depara com uma vida focada em um objetivo e que vê esse objetivo desaparecer não é passada dessa maneira mais abrangente. Ao mesmo tempo, o estudo de personagem apresentado não é muito complexo, e mesmo a sua curta duração parece alongada ao que está sendo debatido.


Outro elemento que destoa do que está sendo apresentado é a fotografia do filme. Há uma clara preocupação com a estética e plástica da obra, baseada na ensolarada Nevada, mas talvez pela rápida duração das filmagens, há muitos momentos onde a câmera parece perder o foco de maneira não proposital. Como o filme tenta trazer uma sensação de um maior valor de produção, com todos os belíssimos figurinos e diversas locações, esses momentos ficam bastante deslocados e levam o espectador a uma desconexão com as telas.


O filme apresenta muitos elementos interessantes, mas é inegável que tamanho destaque está centralizado em um elenco de grandes estrelas que são bem dirigidas ao longo da trama. A performance de Pamela Anderson é impecável, e nos deixa curiosos sobre os próximos passos de sua carreira.


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