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Foto do escritorCarol Ballan

Crítica | TIFF | Babygirl

Babygirl (Países Baixos e EUA, 2024) 


Título Original: Babygirl

Direção: Halina Reijn

Roteiro: Halina Reijn

Elenco principal: Nicole Kidman, Harris Dickinson, Antonio Banderas, Sophie Wilde, Esther McGregor, Vaughan Reilly e Victor Slezak

Duração: 114 minutos


Babygirl gerou um burburinho após o seu lançamento em Veneza, com Nicole Kidman sendo premiada por sua atuação e muitos comentários sendo feitos sobre a habilidade de Halina Reijn na direção, após uma transição na sua carreira de atriz com seu anterior Morte Morte Morte (2022). Se a obra anterior é uma comédia de horror que imediatamente se tornou queridinha entre cinéfilos, agora certamente ela alcançará sucesso entre aqueles que estão adorando ver o desejo sexual sendo novamente retratado em telas.


nicole kidman e luca guadagnino em cena de babygirl

Existe um movimento cíclico de que seja lançado algum novo filme sobre uma relação BDSM sendo formada, normalmente, entre um homem poderoso e uma mulher sob sua liderança. É claro, podem haver exceções, mas aqui estou tratando do estereótipo mais simples, ao estilo A Secretária (2002), no qual eles começam a compreender a sua dinâmica como parceiros sexuais e criam uma gigantesca confusão com suas vidas pessoais. Aqui, existe uma inversão nessa dinâmica. Romy (Nicole Kidman) é uma mulher poderosíssima, CEO de uma empresa líder em seu segmento, com uma vida equilibrada e uma família. Sim, ela percebe que seus desejos sexuais não são completamente satisfeitos, mas isso acaba estando em um segundo lugar em sua vida. Isso muda quando ela inicia um caso intenso com um dos estagiários da sua firma, Samuel (Harris Dickinson).


Talvez uma das principais diferenças se dê no texto escrito e dirigido por uma mulher, sendo capaz de compreender melhor o ponto de vista da protagonista. Mesmo a maneira que o corpo feminino e masculino são tratados, sendo sensuais mas nunca ultrapassando a barreira de se tornarem indevidamente sexualizados, parece muito relativa a esse olhar feminino colocado no centro da produção. Ao mesmo tempo que é capaz de chamar a atenção pela temática menos usual, o que consegue prender o espectador ao resto do filme é a carga de complexidade emocional que todos os personagens têm, e a sua tentativa de buscar soluções mais corretas para todos os envolvidos. Não há ninguém que queira ver famílias destruídas, mesmo se compreendendo qual o tamanho do que está em risco naquela relação.


O filme é muito bem planejado para que todas as ações tenham consequências, assim como todos os objetos, roupas e até ataques caninos tenham um sentido narrativo. Claro, há bastante sexo, mas ele nunca é colocado levianamente. Mesmo na primeira cena, entre Kidman e Banderas, há um enquadramento focado no corpo feminino no ápice de sua sensualidade, em um ângulo pouco comum ao cinema. É com esses pequenos detalhes que somos convidados a desconstruir um pouco as ideias preconcebidas sobre sexo e abraçar um universo fetichista que envolve o jogo de poder entre dois adultos que consentem.


O filme é daqueles que se assiste pensando em rever para captar todas as suas nuances. E eu certamente farei isso, assim que ele estiver disponível em telas brasileiras. Mas novamente, é interessante essa leva de obras muito pautadas no desejo sexual e em todas as suas possíveis expressões, e a minha curiosidade apenas aumenta sobre como será a recepção brasileira a ele.


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