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Foto do escritorCarol Ballan

Crítica | TIFF | K-POPS!

K-POPS! (EUA, 2024) 


Título Original: K-POPS!

Direção: Anderson .Paak

Roteiro: Anderson .Paak e Khaila Amazan

Elenco principal: Anderson .Paak, Jee Young Han, Soul Rasheed, Jonnie Park, Cathy Shim, Kevin Woo, Will Jay e Emi Kim

Duração: 114 minutos


Saber a ideia que deu origem ao filme K-Pops! ajuda a entender todo o filme. Anderson .Paak, neto de coreanos, também foi casado com Jae Lin, coreana, e juntos tiveram dois filhos. Durante o período de pandemia, todos eles estavam presos em casa e .Paak percebeu que seus filhos ouviam muito k-pop. Se interessou pelo gênero, conheceu um pouco da música através dos filhos, e desenvolveu um roteiro que envolvesse ascendência, família, e obviamente, k-pop.


anderson paak e seu filho Soul Rasheed em cena

Ele cria então BJ (Anderson .Paak), um homem de meia idade que nunca amadureceu e aprendeu a trabalhar em equipe com uma banda e tem o mesmo trabalho como baterista em um bar há dezenas de anos. Então, através de um plano bolado por um amigo, ele vai para a Coreia do Sul se tornar baterista de um programa de sucesso no país, buscando um recomeço. O que ele não imaginava é que nesse processo, acabaria encontrando um filho que não sabia que tinha, Tae Young (Soul Rasheed), que é um dos competidores do reality show no qual ele trabalha.


Apesar do filme ser bem intencionado e trazer uma história leve e descontraída ao melhor estilo anos 1980, mas com o toque moderno da globalização, existem algumas questões que poderiam ter permanecido nos anos 1980 que parecem se repetir em tela. Essas são questões estruturais do tema e da narrativa que permanecem perpetuando algumas ideias muito ultrapassadas e que não têm mais espaço na sociedade atual, apesar de ainda serem presentes na realidade, principalmente em relação ao que é a paternidade. Existe uma tentativa de fazer o espectador confiar no protagonista e no seu processo de aprender a ser um pai que acaba passando a mão na cabeça de BJ em excesso. Entende-se que a obra é sobre o seu processo de amadurecer, mas se peca por não dar o devido valor aos sentimentos daqueles à sua volta.


Dentro do filme, isso não causa estranhamento porque ele é realmente bem competente em contar sua história.  Há uma estrutura em atos bem clássica e que funciona, todas as pessoas envolvidas nas chaves de departamentos são extremamente competentes e bem sucedidas em seus campos. Tudo isso dá uma finalização extremamente profissional e correta à obra, e é necessário pensar um pouco além do término do filme para pensar em como ele está enraizado culturalmente em uma sociedade que perdoa os homens muito mais facilmente que as mulheres.


E a questão de trazer o elemento da influência da cultura coreana nos estadunidenses na atualidade é também realizada de maneira estranha, se considerarmos que ele foi pensado a partir do gosto de Soul Rasheed pelo k-pop. Isso também acaba se invertendo com a ida de BJ a Seul, onde ele fala sobre a influência estadunidense na cultura coreana.


Ainda que a experiência geral do filme seja prazerosa e divertida, o retrogosto do imperialismo estadunidense não consegue ultrapassar a barreira auto imposta pela proposta.


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