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Foto do escritorCarol Ballan

Crítica | TIFF | Village Keeper

Village Keeper (Canadá, 2024)


Título Original: Village Keeper

Direção: Karen Chapman

Roteiro: Karen Chapman

Elenco principal: Oluniké Adeliyi, Maxine Simpson, Zahra Bentham, Oyin Oladejo, Ethan Burnett, Micah Mensah-Jatoe, Shiloh O’Reilly e Noah Zulfikar

Duração: 83 minutos


Dentro da programação do TIFF de filmes canadenses é sempre interessante observar os pequenos filmes independentes, que tendem a trazer temáticas interessantes ou abordagens menos convencionais. É na primeira categoria que se encaixa esse filme, que trata da vida de uma família negra após o assassinato do pai.


mãe e seus filhos em cena do filme canadense village keeper

Jean (Oluniké Adeliyi) e seus dois filhos Tamika (Zahra Bentham) e Tristin (Micah Mensah-Jatoe) estão vivendo na casa da avó da família, em um bairro supostamente mais tranquilo, e precisam lidar com as consequências da morte violenta do pai. De Tamika tendo crises de pânico que não consegue controlar até a grande discussão entre mãe e avó sobre eles saírem daquele apartamento, pode-se dizer que a convivência não é calma. Mas à medida que a obra se desenvolve, vamos compreendendo que na verdade esta é a convivência mais pacífica que a família já teve.


Existe uma coisa muito pouco falada que é a paz que uma família pode encontrar quando uma pessoa que praticava abusos falece. Não é um tema bonito, mas é real. E o que Karen Chapman consegue é trazer essa situação para as telas de maneira ainda sensível e muito menos melodramática do que se pode imaginar. Isso porque ela está focada na situação prática daquela família, e não nos pormenores de todos os processos de curas pelos quais eles têm que passar. Está na cumplicidade entre os irmãos, na necessidade de Tamika de procurar a conversa com uma pessoa externa à situação para não aumentar a quantidade de emoções com as quais a família tem que lidar. E em como superar tudo isso para retornar a ser uma família.


Como uma pequena pausa na programação intensa de filmes super-produzidos e por vezes muito mais complexos narrativamente, o filme funcionou como um respiro quase que feito sob encomenda. Isso porque, pessoalmente, sou uma pessoa que lida com muitos traumas. E por mais que nenhuma cena particularmente tenebrosa esteja no filme, é justamente esse o seu assunto principal. Não um trauma colocado com ações violentas e cenas escuras ou com alto contraste, mas sim o que acontece depois que isso passa e a vida precisa encontrar a sua forma de seguir.


Assim, o filme passa longe do estereótipo de super produção que é esperado de Toronto, cidade que muitas vezes é utilizada em filmes por parecer Nova Iorque e a substitui por seu menor custo de filmagem. Mas ele se aprofunda em um sentimento ao mesmo tempo específico e universal para trazer uma mensagem de certo conforto e continuidade, mas também sem parecer inconsequente. Um equilíbrio difícil, ainda mais se considerando que este é o primeiro longa da diretora, e uma certa promessa de obras interessantes para o seu futuro.


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