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Foto do escritorCarol Ballan

Fantaspoa dia 3 - Consumed, The G e Azrael

Consumed (2024, EUA)

Título original: Consumed

Direção: Mitchell Altieri

Roteiro: David Calbert

Elenco: Devon Shawa, Mark Famiglietti e Courtney Halverson


Para o público geral acostumado com a vida nas grandes cidades, existem poucas coisas que podem ser mais aterrorizantes do que estar no meio de uma floresta. Ainda que logo de início seja explicado que o casal protagonista do longa-metragem esteja acostumado com a trilha que percorre, existe um medo no início da obra ao pensarmos em todas as possibilidades: um machucado como em 127 Horas, um urso, um encontro com seres humanos mal intencionados. E o filme realmente tem o seu ápice enquanto ainda não entendemos essa ameaça, perdendo o seu encanto enquanto a narrativa começa a se desenrolar.



Apesar de uma atuação convincente e a criação de diversos momentos de tensão eficientes, o grande problema do filme está no roteiro que se torna cada vez mais absurdo e genérico, não permitindo que grandes decisões artísticas aconteçam. Quando ele se encerra, ao invés da sensação de medo ou de alívio, infelizmente o que paira no ar é o aborrecimento por uma oportunidade de criar um horror ótimo que é perdida. Ao invés de escolher ir pelo caminho da diversão mais descomprometida e cheia de sustos ou de um horror com mais camadas e significados pensando nas condições dos protagonistas, ele permanece no meio do caminho entre eles e não desenvolve completamente nenhuma das possibilidades. Isso, somado ao nível de efeitos visuais que tenta se prender a um realismo sem sentido, e à revelação anticlimática do monstro principal levam quem começou a assistir a obra animada a terminá-la desapontada.


The G (2023, Canadá)

Título original: The G

Direção: Karl R. Hearne

Roteiro: Karl R. Hearne

Elenco: Dale Dickey, Romane Denis, Jonathan Koensgen, Roc Lafortune e Bruce Ramsay


Em uma pequena introdução que o diretor e roteirista do filme fez ao público do filme foi feita uma observação muito importante sobre a obra que assistimos a seguir: Dale Dickey, uma atriz estadunidense de muito sucesso, estava interpretando ali seu primeiro papel como protagonista. E ele conseguiu aproveitar esse feito com muita habilidade, trazendo elementos de dureza e sensibilidade para um papel bem específico que mostram sua grande gama de atuação.



Contando uma história inspirada em uma personagem real de sua vida, ele aproveita a situação para apresentar um ponto de vista crítico sobre a situação das tutelas judiciais que estão sendo impostas a idosos por conta de uma falha em seu sistema legal. Assim, aprendemos um pouco sobre o negócio que está se formando com isso na medida em que também nos impressionamos com a personagem que consegue lutar de volta contra seus raptores.


Com esse filme focado completamente na construção da personagem, todas as outras decisões parecem ser tomadas para destacá-la, e isso é feito de maneira tecnicamente excelente. Aproveitam-se todas as nuances e se extrai uma atuação extraordinária, abordando temáticas muitas vezes ignoradas em personagens na terceira idade. Seguimos a sua aventura com um deslumbramento com a sensibilidade do diretor e roteirista, e o equilíbrio perfeito entre isso e a quantidade de mortes e sangue presentes.


Azrael (2024, Estônia e EUA)

Título original: Azrael

Direção: E. L. Katz

Roteiro: Simon Barret

Elenco: Samara Weaving, Vic Carmen Sonne, Nathan Stewart-Jarret, Peter Christoffersen, Sebastian Bull e Vincent Willestrand


A escolha por fazer um filme inteiro no qual os personagens se comunicam apenas através de gestos e sons (sem palavras, escritas ou ditas) é bastante ousada. E a ousadia costuma correr lado a lado com o cinema de horror, gerando clássicos e desastres.



Azrael é um nome com significados diversos entre as tradições islâmicas ou judaico-cristãs, mas geralmente estão ligadas a ele ser um anjo da morte, que transporta os seres humanos da vida para a morte. No filme, sem muitas explicações, entendemos que Azrael é uma mulher que escapa de seu grupo por conta de seu amor pelo companheiro, e que passa a ser caçada pelos ex-colegas a partir de então. O que se segue é uma trama de vingança com camadas de símbolos religiosos e bastante sangue.


Apesar da boa premissa e da presença de um dos grandes nomes do horror atual, Samara Weaving, a obra não consegue aproveitar bem a imposição auto-infligida para criar uma trama inovadora ou pelo menos símbolos fortes. Com apenas alguns cartões entre seus atos para falar sobre a imposição da perda da fala, o filme falha grosseiramente em conseguir se comunicar com o espectador. Faltam detalhes ou parte da história que impedem que se possa compreender o real conflito, e então torna-se uma obra apenas violenta e com boas cenas de ação e matança.


Ele não aproveita o contexto religioso completamente, mas também não tem elementos suficientes para funcionar como uma metáfora sozinho. Não temos as informações sobre as criaturas no bosque, não entendemos o real objetivo do culto, e todo esse universo pós-apocalíptico, apesar de visualmente interessante, não tem uma forte função narrativa estruturante. Assim, novamente se tem a sensação de uma excelente ideia executada a partir de um roteiro deficiente, ainda mais considerando a relevância das pessoas envolvidas nessa produção.


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