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Foto do escritorJean Werneck

Lançamento da Semana : Jogos Vorazes: a Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (Francis Lawrence,2023)

Em uma prequel da famosa saga de distopia, novo longa da franquia de Jogos Vorazes adapta fielmente as páginas para as telas. 


Anos antes de se tornar o presidente de Panem, Coriolanus Snow (Tom Blyth) fez seu nome na décima edição dos Jogos Vorazes ao mentorar a melodiosa Lucy Gray (Rachel Zegler) e transformar a competição sanguinolenta em um espetáculo. A revolucionária saga de Jogos Vorazes se findou em 2015, quando Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) aposentou seu arco e flecha. Era isso que pensávamos, até o anúncio da adaptação de  Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, livro cronologicamente antecessor que conta a origem do ambicioso líder Snow. O questionamento que rondou minha mente foi: será que a essência da obra será a mesma sem sua maior protagonista? Fico feliz em dizer que sim. 





O longa se subdivide em três capítulos que organizam o excesso de acontecimentos que contextualizam a décima edição e da apresentação de todos os novos personagens. O primeiro ato é um tanto engasgado e nos faz duvidar se a nova geração será capaz de ser tão intensa quanto a anterior foi (as comparações são inevitáveis em prequels). Entretanto, o segundo ato capta a essência política e revolucionária que são os Jogos Vorazes. A direção usa um movimento de câmera tribal e ágil para dar vida aos confrontos, ao mesmo tempo que o roteiro encontra nas brechas dos escombros da arena uma forma de amarrar todas as suas pontas soltas. Aqui está o epicentro do que conquista tantos fãs para a franquia: diálogos ardilosos, mortes chocantes e um misto de carisma e fúria que nos envolve. A  direção fidedigna ao material original encontra seu sucesso na execução cinematográfica que pareceu ter sido apagada em 2015, mas se reacende esse ano nas salas de cinema. 


Ademais, ser tão fiel ao material original também é o que atrapalha Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes. Por se tratar de um livro de seiscentas páginas a obra consegue detalhar e expandir sua narrativa, contudo isso não necessariamente se traduz no cinema. Chegamos ao terceiro ato e fica difícil pegar fôlego para tudo que vai acontecer. Humanizar tanto Snow demanda um grande esforço do enredo para desmascarar seu verdadeiro caráter depois e, na tentativa de ser exacerbadamente respeitoso ao original, o roteiro se incha por não saber escolher o que deveria ter entrado e o que não deveria. O desafio no ato de adaptar conteúdos de um formato para o outro não está apenas em decidir o que vai entrar, e sim também no que não vai entrar. Retornamos à fatídica discussão de que uma boa adaptação não é aquela que é idêntica ao original, mas a que consegue condensar a substância em sua forma com seus próprios traços. 


Apesar dos tropeços, o longa não é prejudicado como um todo, conseguindo valorizar seu estelar elenco (exceto por Hunter Schafer, que não tem a merecida atenção) e triunfando em meio a pássaros e serpentes com frases memoráveis que podem definir seu conceito, como: Não se esqueçam de sorrir, é para isso que os dentes servem.


A distribuição do filme está sendo feita pela Paris Filmes. Verifique as sessões na sua cidade.

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