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Foto do escritorCarol Ballan

Lançamento da Semana: Nina: A Heroína dos Sete Mares (David Alaux, Eric Tosti e Jean-François Tosti)

Um grande problema das animações voltadas ao público infantil é que muitas vezes elas se tornam quase insuportáveis para o público adulto que o acompanha. O excesso de explicações, ritmo confuso ou piadas que não funcionam podem tornar os filmes repetitivos e dificultar a vida dos pais, enquanto uma trama mais complexa pode perder a atenção das crianças. Assim, encontrar um equilíbrio é uma tarefa complexa, e quando bem realizada gera algo incrível, como no caso de Shrek e O Gato de Botas 2.



Nina não chega a esse equilíbrio perfeito, mas consegue ao menos entreter ambos. Nina é uma ratinha, no diminutivo, por conta de seu tamanho também diminuto, adotada pelo gato laranja Sam. O que move a narrativa é o contraste entre o pai cauteloso e a filha aventureira, com ela tendo o desejo de navegar pelos mares e ele tentando convencê-la dos perigos dessa atitude. Mas em uma trama literalmente criada por deuses gregos, eles acabam tendo que realizar essa aventura juntos.

Com uma animação 3D bem realizada e com texturas na maior parte do tempo detalhadas, rapidamente o público infantil entra no clima da cidade fictícia, se mantendo ao lado de Nina e seu sonho de conhecer o mundo. Para os adultos, é na dublagem cheia de referências a filmes clássicos, obra da excelente dublagem brasileira e que não posso garantir que existem no original. Há tensão o suficiente para que se chegue ao final, ainda que ele seja bastante óbvio para pessoas com mais de 10 anos, mas a partir de certo momento a trama se torna arrastada, como se apenas tentando criar momentos icônicos.

Neste sentido, a maior falha do longa-metragem é a introdução de números musicais em momentos inconvenientes e com baixa qualidade. Tentando trazer algo da tradição da Disney ao criar o filme, na verdade se afasta desse objetivo pelas letras toscas junto a performances de questionável qualidade vocal. Há ainda um excesso de informação que parece ser voltado ao público infantil: robôs gigantes, esqueletos, escorpiões, deuses, monstros marinhos e humanos cansados criam a narrativa que é incessante, mas que não sabe lidar com seu excesso de informação.

Sua grande qualidade está justamente na relação entre pai e filha, e o drama da necessidade de perceber a filha como uma pessoa - uma experiência universal e que dialoga com todas as idades. São nesses momentos que são criados os diálogos de maior qualidade e que englobam a característica da animação como algo que cria conexões com diferentes públicos.

Com uma animação bonita e agitada que mantém as crianças atentas - ainda que as mais acostumadas com filmes possam identificar as falhas de roteiro - e os adultos sem querer deixar a sala de cinema, o filme se mostra uma boa alternativa à hegemonia estadunidense. No entanto, ainda está longe da qualidade das maiores animações do ano.


O filme está sendo distribuído no Brasil pela Imagem Filmes. Verificar a programação na sua cidade.


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