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Marcelo Barbosa

Lançamentos da Semana: Um Filme de Cinema (Thiago B. Mendonça, 2017)

Um filme de cinema e o encantamento infantil


Um filme de cinema conta a história de um pai cineasta passando por dificuldades criativas (Thiago B. Mendonça) e sua filha, Bebel (Bebel Mendonça), que decide fazer um filme para uma apresentação em sua escola. Ele segue principalmente pelo olhar de Bebel, usando essa visão infantil do mundo, uma visão de encanto e novas descobertas, e criando um embate com as dificuldades vividas pelos adultos em sua volta, principalmente por seu pai que não consegue terminar o seu trabalho. Também, como um produto infantil e educador, usa imagens de arquivo da história do cinema desde suas experimentações iniciais, como as imagens de um cavalo em movimento capturadas por Eadweard Muybridge, até as comédias de Buster Keaton e Chaplin, misturando-as com o próprio filme e a jornada de Bebel aprendendo sobre esta arte. Além disso, algumas músicas criadas para o filme e cantadas pela protagonista ajudam a explicar a história por trás dessas invenções e experimentações.



O filme usa dessa metalinguagem com suas imagens de arquivo e sua visão encantada tentando mostrar as possibilidades do cinema como arte. Uma arte que atualmente tem a tendência de tentar ser cada vez maior e mais grandiosa, mais complexa, e mais difícil de se fazer, uma lógica criada pela própria indústria estadunidense e sua premiação de filmes que seguem esse modelo industrial e que acabam por limitar o que o cinema pode ser. Um filme de cinema clama por uma simplificação, uma maior experimentação, um olhar de encanto e de possibilidades que privilegia a magia do cinema e do desconhecido, como o olhar de uma criança descobrindo o mundo pela primeira vez, em vez desse modo industrial e de repetição que cada vez mais desencanta suas audiências.


Infelizmente, Um filme de cinema acaba deixando de lado sua própria narrativa para tentar discutir esses assuntos mais metalinguísticos sobre a própria indústria e quando tenta fechar sua história acaba se perdendo um pouco no que está contando, com um final que não consegue manter as expectativas criadas com seu começo. Com sua alma no lugar certo e nunca se levando tão a sério, tentando ser educativo e divertido para uma audiência infantil, sucede mais do que falha e levanta uma discussão importante sobre a perda da nossa visão infantil e encantada, seja para o cinema ou para nossa própria vida.



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