A partir da direção pessoal, Matt Smukler cria uma dramédia tocante protagonizada pela jovem Kiernan Shipka.
Uma Família Extraordinária chegou ontem aos cinemas (05) e conta sob o olhar da perspicaz Bea (Kiernan Shipka) a clássica história de uma família conturbada e amorosa. A premissa é bem genérica, mas é a pessoalidade da direção que guia a narrativa com um verniz novo e torna o longa-metragem divertido.
Bea acabou de sofrer um acidente que a deixou em coma. Em meio ao desespero de seus parentes, o roteiro usa esse acontecimento como gancho para apresentar cada personagem e revelar gradativamente como chegamos a esse cenário. A narração e o uso de flashbacks trazem o contexto básico para emocionar o público.
O que torna a vida de Bea diferente dos demais jovens de sua idade é o cuidado que ela precisou ter desde cedo com seus pais, que são deficientes intelectuais. O drama central está na dificuldade da personagem em cuidar e ser cuidada e o senso de responsabilidade precoce que ela desenvolve. Apesar de iniciar como um filme “tamanho família”, Uma Família Extraordinária emplaca mesmo quando Bea entra na puberdade e ultrapassa os clichês da fase de maneira leve. A relação dela com os pais se torna mais complexa, mas caminha em direção ao amadurecimento que redireciona o amor e cuidados que ela tem por eles. Logo, o filme enlaça o espectador no segundo ato com o carisma de Kiernan Shipka (O Mundo Sombrio de Sabrina) e a dinâmica frenética de sua rotina. É a protagonista que torna o filme um pouco menos padrão.
Outro destaque está na direção de Matt Smukler. Suas técnicas cinematográficas são esquecíveis e boa parte de sua execução poderia ser descartada se quiséssemos algo mais original. Contudo, o ponto chave está na intimidade e sensibilidade com que ele guia a atmosfera da produção. Por se tratar de uma história inspirada na família do diretor, ele sabe como reproduzir a essência agridoce e sensível desses personagens e aquecer o coração na temperatura certa para que cheguemos às lágrimas quando os créditos subirem.
Por fim, Uma Família Extraordinária é uma água com açúcar bem docinha e dispensável, mas que cai muito bem para dias estressantes ou amargos.
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