Família, Pero No Mucho (Brasil, Argentina, 2025)
Título Original: Família, Pero No Mucho
Direção: Felipe Joffily
Roteiro: Leandro Soares e Lucas Blanco
Elenco principal: Leandro Hassum, Júlia Svacinna, Gabriel Goity, Simón Hempe, Karina Ramil, João Barreto e Abril di Yorio
Duração: 81 minutos
Família, Pero No Mucho surge como uma tentativa de revisitar a comédia popular brasileira ancorada na figura de Leandro Hassum, mas que acaba tropeçando em escolhas narrativas e estéticas que, paradoxalmente, revelam mais suas limitações do que suas qualidades.

A primeira constatação talvez seja a obviedade com que o filme constrói sua trama: é um enredo que parece seguir por trilhos já gastos, apostando em situações previsíveis e personagens cuja função dramática nunca chega a transcender o rascunho. Há, sim, momentos pontuais em que a graça consegue emergir (como na cena da loja de casacos) mas eles se perdem em meio a uma narrativa que, ao invés de valorizar o carisma de seu protagonista, dilui-o em situações artificiais e diálogos desprovidos de frescor.
O tom adotado, reminiscente de esquetes televisivas, acaba por impor um ritmo truncado, quase abrupto, que compromete o envolvimento do espectador. É uma montagem que parece incapaz de respirar, trocando fluidez por cortes secos que fragmentam a comicidade. Soma-se a isso uma protagonista que soa deslocada, pouco envolvente, e um texto que carece de densidade, optando por soluções fáceis que jamais ousam questionar o material que têm em mãos.
É inevitável notar que, mesmo em seus breves 80 minutos, Família, Pero No Mucho transforma o ato de chegar ao fim numa verdadeira resistência. A leveza, tão essencial à comédia, cede espaço a um cansaço narrativo que poderia ser amenizado com escolhas menos preguiçosas e um olhar mais atento ao potencial do elenco. Hassum até entrega carisma, mas sozinho não sustenta um filme que se contenta em repetir fórmulas já esvaziadas.No fim, resta a sensação de uma obra que jamais acredita na força da imagem ou da dramaturgia para além do óbvio, tornando-se mais um título descartável em um mercado saturado de comédias genéricas. É uma pena: quando a piada perde o timing, resta apenas o silêncio constrangedor.