Crítica | Jurassic World: Reino Ameaçado

Jurassic World: Reino Ameaçado (EUA, 2018)
Título Original: Jurassic World: Fallen Kingdom
Direção: J. A. Bayona
Roteiro: Colin Trevorro e Derek Connolly (baseados nos personagens criados por Michael Crichton)
Elenco principal: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Rafe Spall, Justice Smith, Daniella Pineda e James Cromwell
Duração: 128 minutos
Distribuição: Universal Pictures
Sinopse: Três anos após o fechamento do Jurassic Park, um vulcão prestes a entrar em erupção põe em risco a vida na ilha Nublar, Claire convoca Owen a retornar à ilha com ela.

O segundo capítulo da trilogia Jurassic World tenta, de maneira consciente, se afastar do molde de cópia desavergonhada de Jurassic Park que foi seu antecessor. Há, aqui, uma tentativa de renovar o frescor da franquia ao deslocar a narrativa da selva para o ambiente urbano, em uma transição que deveria sugerir novos conflitos, mas que na prática apenas repete convenções já gastas. A grande diferença é o tom: onde o primeiro era puro espetáculo nostálgico, Reino Ameaçado aposta numa abordagem que engloba um público mais infantil, impedindo que qualquer senso de ameaça realmente se estabeleça.

É sintomático que os dinossauros sejam, em sua maioria, instrumentos de justiça moral: devoram vilões e poupam heróis. O filme abdica do suspense clássico que consagrou Spielberg ao escolher não fazer de seus monstros uma ameaça imprevisível, mas sim personagens previsíveis de uma moralidade simplificada. Como já apontado por alguns, o longa se aproxima mais de Em Busca do Vale Encantado do que do terror genético e filosófico que era Jurassic Park.

A direção de J.A. Bayona até ensaia momentos de brilhantismo, como o plano-sequência no giroscópio, uma das poucas cenas que de fato transmite tensão, mas são instantes isolados dentro de um roteiro que volta a cometer os mesmos erros de ritmo da franquia: um primeiro ato arrastado, lotado de diálogos expositivos, seguido por um segundo ato dominado por ação desenfreada, pouco inspirada e repleta de personagens estereotipados.

E mesmo quando o filme tenta tocar em debates mais amplos como a relação entre homem e natureza, ciência e ética, o faz de forma derivativa. A ideia de dinossauros como mercadoria é um retorno direto ao que já havia sido discutido (sem grande sucesso) em O Mundo Perdido, segundo filme da trilogia original. A falta de desenvolvimento ou aprofundamento desses temas denuncia a fragilidade de uma saga que, apesar do potencial genioso de seu ponto de partida, se prolonga por puro automatismo industrial.Jurassic World: Reino Ameaçado é um filme que reconhece as limitações da sua fórmula, mas não encontra coragem para subvertê-las. Fica num meio-termo morno, que tenta agradar novos públicos sem chocar os antigos. E sem um Spielberg no comando, o que sobra é um blockbuster com pouca personalidade, nenhum senso de urgência, e uma série fadada à própria extinção.

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