Crítica | Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda

Uma Sexta Feira Mais Louca Ainda (Estados Unidos, 2025)
Título Original: Freakier Friday
Direção: Nisha Ganatra
Roteiro: Jordan Weiss, Elyse Hollander, Mary Rodgers
Elenco principal: Jamie Lee Curtis, Lindsay Lohan, Julia Butters, Sophia Hammons , Manny Jacinto, Maitreyi Ramakrishnan, Mark Harmon, Chad Michael Murray, Christina Vidal e Vanessa Bayer
Duração: 1h51min (111 minutos)
Distribuição: Walt Disney Studios

Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis trocam de corpo novamente em comédia para os millennials e a geração Z

O ano era 2003, quando Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis trocaram de corpo pela primeira vez em uma das melhores comédias tamanho família dos anos 2000. Vinte anos mais tarde, em meio a uma onda de sequências nostálgicas — com os anúncios de O Diabo Veste Prada 2, Da Magia à Sedução 2 e uma nova versão de O Casamento do Meu Melhor Amigo —, a dupla de atrizes retorna às telonas como mãe e filha.

Quem está prestes a se casar desta vez é Anna (Lindsay Lohan), apaixonada por um chef de cozinha britânico e charmoso. Contudo, os atritos entre sua filha (Julia Butters) e a filha de seu noivo (Sophia Hammons) ameaçam destruir o casamento dos sonhos que os pombinhos planejam — como ela mesma quase fez com sua mãe anos atrás. O encontro de Tess, Anna e das duas adolescentes com uma médium faz com que a alma das quatro se embaralhem, até que aprendam a se colocar no lugar umas das outras e possam voltar aos corpos corretos.

Na época em que Sexta-Feira Muito Louca foi lançado, Lindsay Lohan vivia o auge de sua fama em Hollywood, emplacando longas adolescentes refrescantes como Meninas Malvadas (2004), Confissões de uma Adolescente em Crise (2004) e Herbie – Meu Fusca Turbinado (2005). O sorriso simpático e as madeixas longas — ora ruivas, ora loiras — tornaram-se o rosto de uma geração.

O retorno da diva millennial às telas já era ensaiado nos últimos três anos, mas esta continuação lembra aos fãs por que o holofote brilha tanto em seu rosto. É perceptível como Lohan está à vontade e se diverte como Anna, o que faz com que o público relaxe na poltrona do cinema e sorria com o semblante familiar da própria juventude. Ao mesmo tempo, ainda é estranho assisti-la em personagens mais maduros e, de certa forma, tentando vislumbrar um novo momento de sua carreira, após tantas polêmicas com tabloides americanos que a afastaram dos sets solares hollywoodianos.

Jamie Lee Curtis, por sua vez, volta a enlouquecer às sextas-feiras no melhor momento de sua trajetória como atriz. A vitória no Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, em 2023, a levou a projetos de destaque como a série O Urso. Verdade seja dita: Curtis merecia ter sido indicada ao careca dourado por sua performance como uma mulher de meia-idade com a alma de uma rebelde sem causa.

Em Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda, ela encarna o espírito de uma aborrecente patricinha e mimada, disposta a fazer de tudo para se mudar para a Inglaterra novamente. Apesar de entregar alguns dos momentos mais engraçados do filme, sua relação com a neta agregada é superficial e sobra em meio a um enredo inchado. Não há uma justificativa clara para a troca de lugar entre as duas, e fica em aberto o que aprendem uma com a outra, colocando em xeque parte da credibilidade do roteiro.

Aliás, o roteiro é um tanto quanto inconsistente. Parece que tudo veio em dose dupla, em comparação com o original: são mais trocas, mais personagens, mais piadas. O texto peca pelo excesso. Já temos um relacionamento de longa data com Lohan e Curtis, mas quem são Julia Butters e Sophia Hammons? O núcleo dividido entre as duplas revela um abismo de carisma entre as veteranas e as calouras, o que é um tanto injusto com as novatas. Os diálogos corridos também atropelam o ritmo das esquetes, e o excesso de estímulos nos deixa sem reação na maior parte da trama.

Por outro lado, há uma grande virtude em Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda: o filme não apela para a nostalgia barata, nem simplesmente reproduz um humor formulaico. O público-alvo são os millennials que assistiram ao primeiro na TV infinitas vezes, mas o longa também se comunica com a geração Z. O roteiro capta o sarcasmo politizado desta nova geração, mas sem se levar a sério demais ou seguir à risca o politicamente correto. O conflito geracional central é atualizado e se prova ainda relevante de ser abordado com leveza.

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