GOAT (Estados Unidos, 2025)
Título Original: HIM
Direção: Justin Tipping
Roteiro: Justin Tipping, Skip Bronkie e Zack Ackers
Elenco principal: Marlon Wayans, Tyriq Withers, Julia Fox, Tim Heidecker, Jim Jefferies, Maurice Greene e Don Benjamin
Duração: 1h 36 min (96 minutos)
Distribuição: Universal Pictures
Goat e o esvaziamento da estilização contemporânea.
O novo filme produzido pela empresa de Jordan Peele, Monkeypaw, conta com uma narrativa que crítica o fanatismo no mundo esportivo por meio de uma reimaginação de Fausto, utilizando-se de uma lente contemporânea e estilizada que mais se parece com A substância (Coralie Fargeat) do que outros filmes de esporte.

Conta a história de Cameron Cade, um prodígio do futebol americano, que depois de faltar ao evento de recrutamento de times por uma lesão na cabeça, recebe a ligação do maior jogador do momento dizendo estar em busca de um substituto para quando se aposentar. Sua oferta é de passar uma semana em sua casa, treinando, para ver se Cade é capaz de tomar o seu lugar.
O fanatismo esportivo no filme é visto por uma analogia ao cristianismo, uma metáfora que é deixada clara não só por imagens constantes de cruzes e raios de luz divinos entrando pelas janelas da casa (até com uma recriação da última ceia em um momento), mas também no texto, com diálogos que explicitam essa comparação em alto e bom tom.
E isso pode ser visto como um sintoma no filme, tudo é deixado o mais claro possível sem nenhuma abertura para uma interpretação subjetiva por parte da audiência. Não são ideias complexas, com a própria sinopse já deixando claro o tema central. Mesmo assim, tenta estender a narrativa por uma estilização constante que visa criar uma experiência sensorial mais do que realmente criticar a ideia de fanatismo levantada.
Com a montagem frenética, cria-se um senso de desorientação do começo até o fim. Uma forma de oferecer um estímulo constante à audiência e parecer que existe algo a mais para além de sua crítica óbvia e pouco explorada. Tenta criar uma suposta descida ao inferno por meio de suas imagens rápidas e momentos grotescos e surrealistas, uma sacadinha como contraponto à ideia de santidade dos simbolismos religiosos.
Dividida em capítulos, a narrativa segue sem grandes avanços de história, tentando criar mais cenas chocantes ou esquisitas. Desse modo, a estilização exacerbada parece tentar funcionar por si só como o centro do longa. Mas, sem nenhuma ideia sólida para a pirotecnia se embasar, acaba apenas criando imagens passageiras e pouco memoráveis.
Com o avanço das mídias sociais, a linguagem audiovisual está tendendo a ficar cada vez mais rápida e estimulante para tentar competir com a audiência que carrega sempre uma segunda tela, e Goat se utiliza dessa lógica contemporânea de velocidade sem nenhuma ideia narrativa ou estética para além da disputa de atenção.
Por fim, sinto que Goat é um filme que tem pouco a oferecer, seja crítica ou esteticamente. Uma experiência que apenas tenta hiperestimular pela sua duração e pouco agrega nos temas tocados para além do choque de algumas imagens.