É Apenas Um Adeus (França, 2024)
Título Original: Ce n’est qu’un au revoir
Direção: Guillaume Brac
Elenco principal: Aurore, Nours, Jeanne e Dianne
Duração: 66 minutos
No início do filme, se não se leu a sua sinopse, é quase impossível distinguir se a obra se trata de uma ficção ou um documentário. Na medida em que ele segue em tela, com a apresentação de algumas personagens específicas e a sua narração em off sobre sua vida antes daquele momento, percebe-se que se trata de um documentário que irá tratar de um momento específico dentro de um padrão de vida específico: jovens que estudam em um internato que estão se preparando para a faculdade e que deixarão esse estilo de vida para trás.

Por mais que se perceba o esforço em mostrar a dramaticidade de um momento marcante na vida desses jovens, assim como os seus ritos específicos e alguns dos dramas que eles passaram anteriormente, é difícil para um público brasileiro conseguir se conectar com o que está sendo proposto. Talvez nem tanto por um problema do filme, que consegue criar algumas histórias diferentes apesar do formato bastante cansativo, mas sim exatamente por conta desse recorte que está colocado.
Se fazer uma análise crítica de documentário já é difícil por ele ser um formato muitas vezes negligenciado no estudo de cinema, fazê-lo com uma obra que dificilmente é compreensível fora de seu contexto dentro da sociedade francesa é uma tarefa ainda mais árdua. Não porque seja difícil compreender ou empatizar com pessoas ou personagens estruturalmente diferentes de si, mas sim porque seus problemas parecem tão surreais que é difícil se relacionar com eles. Claro, há um sentimento mais amplo do fechamento de um ciclo e do medo do futuro comum à juventude, mas isso é menos explorado pela obra do que as particularidades dessa existência específica.
Exatamente porque é difícil ser brasileiro. Seja pela desigualdade social extrema, pelo racismo, machismo e lgbtfobias estruturais, parece que existe uma leveza na existência desses jovens em sua maioria brancos, com acesso a uma boa educação e até uma liberdade que aqui seria impossível. Com isso, não importa o esforço mecânico ou narrativo feito pelo filme, ele sempre estará muito longe do seu espectador quando ele não aborda essas questões estruturais a quase todos os países pela seleção dos personagens que deseja apresentar.