The Safehouse (Suíça, Luxemburgo e França, 2025)
Título Original: La Cache
Direção: Lionel Baier
Roteiro: Lionel Baier e Catherine Charrier inspirados na obra de Christophe Boltanski
Elenco principal: Ethan Chimienti, Adrien Barazzone, Michel Blanc, Larissa Faber, Aurélien Gabrielli, William Lebghil, Dominique Reymond e Liliane Rovère
Duração: 90 minutos
Quando o jovem Garoto (Ethan Chimienti) explica que contará a história que viveu estando na casa dos avós em maio de 1968, qualquer olhar um pouco mais atento para a história mundial já ficará mais atento por saber da série de protestos que ocorreram em Paris naquele ano. Assim, quando somos apresentados para todos os muitos membros da sua família e à casa onde todos eles vivem, percebemos que o humor logo se juntará a um drama histórico.

Dito e feito, o filme acompanha alguns dias na vida deles enquanto ocorrem todos os protestos fora da pequena vila em que eles vivem. Como se houvesse uma camada protetora que permitisse que eles vejam os acontecimentos sem realmente ser afetados por eles, vemos o desenvolver de ações normais, como o Avô (Michel Blanc) buscando uma melhoria no seu cargo como médico, cantorias matinais pela casa e conversas sobre o passado e sobre sua origem judaica, lembrando que não faziam muitos anos do término da II Guerra Mundial.
O filme possui um nível técnico bastante alto, com uma edição rápida que recorda a Nouvelle Vague, momentos de recorte da tela pela metade mostrando cenas diferentes em cada uma delas e um humor cínico que consegue agravar a situação complicada em que eles viviam. Há cenas super sincronizadas, uma boa ocupação dos atores naquela locação que lhes é muito importante e uma direção de arte que deixa claro que cada metro quadrado daquele lugar tem suas próprias histórias para contar.
Ainda na questão da direção de fotografia e de arte, as cenas realizadas no carro são especialmente divertidas. Além de toda a dinâmica necessária para fazer com que os personagens consigam se encaixar no pequeno espaço, percebe-se que boa parte é filmada com um fundo onde são projetadas as ruas, mas o próprio filme se mostra ciente de sua estilização, fazendo com que isso não se torne um incômodo ao espectador. Ele não parte de um conceito de realismo, mas sim de contar as lembranças do garoto deixado pelos pais na casa dos avós para protestar, e isso é adotado como linguagem de maneira divertida.
O que gera maior estranhamento na obra é a quantidade de personagens que ela propõe, tentando dar momentos importantes para cada um deles. Há uma infinidade de narrativas sendo colocadas sem que a maior parte delas tenha algum desenvolvimento, e isso acaba tornando o filme um pouco confuso, com excesso de informações desnecessárias enquanto, para alguém menos ligado em história, há um esvaziamento dos importantes protestos de maio de 1968.
Com um final que certamente deixa o espectador perplexo, mas com o coração um pouco mais quentinho pela convivência com essa família, esse é um bom filme para se ver com toda a família.